Numa disciplina constante procuro a lei da liberdade medindo o equilíbrio dos meus passos.
Mas as coisas têm máscaras e véus com que me enganam, e quando eu um momento espantada me esqueço, a força perversa das coisas ata-me os braços e atira-me, prisioneira de ninguém, mas só de laços para o vazio horror das voltas do caminho.
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Mas as coisas têm máscaras e véus com que me enganam, e quando eu um momento espantada me esqueço, a força perversa das coisas ata-me os braços e atira-me, prisioneira de ninguém, mas só de laços para o vazio horror das voltas do caminho.
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Tudo é nu e as estátuas ressuscitam
Silêncio na manhã sem tempo
Extinção das vozes que se cruzam
E se perdem na agonia como o vento
Estátuas lisas, puras, cegas,
Estátuas de gestos involuntários
No ar sem movimento.
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A raiz da paisagem foi cortada.
Tudo flutua ausente e dividido.
Tudo flutua sem nome e sem ruído.
(Do livro Poemas escolhidos, de Sophia de Mello Breyner Andresen. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.)
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