segunda-feira, 8 de março de 2010

DO CADERNO DE ESTUDOS (I)

Nervuras na folha, inscrições; imprecisas cifras
de nuvens,
étoiles, epitélios:
tudo é número.
(Sou o tempo, disse-me
com lábios
de sal, ao encantar-se
em labirinto.)

* * *

Rastro de noites que se fundem em palavras
como jogos marsupiais;
piscina selvagem onde recolho
os despojos de meu rosto.

* * *

Seria
o movimento
da memória
erigindo arquiteturas
de pele
em cada cena
vívida?

* * *

Tempo talvez
de reconfigurações?

* * *

Música, libações, dança, dança, dança.


Palavra jaguar este olho vertigem olho vértice olho vértebra —
desarvora o limo
palavra de vãos ventre voz
passos no limiar da voz
pássaros ao inverso
do vento.

* * *

Seria
uma refabulação
de prováveis?

— Desventra noite garganta pelugem febre figuras de voz.

* * *

Porque a palavra jaguar
vertigem
vértice
vértebra
voz.

* * *

Expandidas em múltiplas variações plásticas musicais inflamam a fibra da fábula.


* * *

Hipotéticas linhas de mandala cores aéreas quatro caminhos
caranguejo em galáxia noire
laborando
prismas.
Distância.
Realinhamentos.

* * *

Dodecaedro do scorpio:
universo de saliências
e suas revoluções.

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