quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PROGRAMAÇÃO DE OUTUBRO DA CURADORIA DE LITERATURA E POESIA DO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO



 

Poetas de Cabeceira: Bertolt Brecht

Claudio Daniel fará uma palestra sobre o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, comentando a biografia do autor, sua época, características estéticas e, sobretudo, a sua experiência pessoal como leitor da poesia de Brecht, um dos autores mais importantes da literatura alemã do século XX.

Quarta-feira, dia 03/10/12, das 19h30 às 21h 

Sala de Debates


Menu de Poesia: Hilda Hilst

Sarau poético dedicado à obra da poeta brasileira Hilda Hilst, com organização de Maria Alice Vasconcelos e a participação dos poetas Claudio Willer (palestrante), Alberto Gattoni, Chiu Yi Chih, Ingrid Morandian,  Jonas Santos, Silvia Nogueira e Victor Del Franco.

Sexta-feira, dia 05/10/12, das 20h30 às 22h 

Praça Mário Chamie (Bibliotecas)


Recital-Cabaré Bertolt Brecht

Recital dedicado ao poeta alemão Bertolt Brecht, com a leitura de seus poemas por Claudio Daniel e Isabela Penov e a interpretação de canções de Brecht em parceria com Kurt Weill pela cantora Suzana Salles e o pianista Lincoln Antonio.

Quarta-feira, dia 17/10/12, das 20h30 às 22h 

Praça Mário Chamie (Bibliotecas)


Poemas à Flor da Pele

Sarau poético realizado pelo grupo Poemas à Flor da Pele, com a participação de músicos e atores. Haverá também o lançamento de livros de poesia de novos autores.


Sexta-feira, dia 26/10/12, das 20h30 às 22h 

Praça Mário Chamie (Bibliotecas) 


Centro Cultural São Paulo -- rua Vergueiro, n. 1.000, próximo à estação do metrô.

Todas as atividades são gratuitas, sem a necessidade de retirada de ingressos.


País atingiu em 2011 a menor desigualdade social da história, diz Ipea

O salário dos 10% mais pobres da população brasileira cresceu 91,2% entre 2001 e 2011. O movimento engloba cerca de 23,4 milhões de pessoas saindo da pobreza. Já a renda dos 10% mais ricos aumentou 16,6% no período, de forma que a renda dos mais pobres cresceu 550% sobre o rendimento dos mais ricos, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea).
 
O estudo 'A década inclusiva', apresentado pelo presidente do Ipea, Marcelo Neri, usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

'Não há, na história brasileira estatisticamente documentada desde 1960, nada similar à redução da desigualdade de renda observada desde 2001', disse Neri. 'Assim como a China está para o crescimento econômico, o Brasil está para o crescimento social.'

A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de Gini, que passou de 0,594 em 2001 para 0,527 em 2011. No índice, quanto mais perto de zero menor a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres do país. 'O Brasil está no ponto mais baixo da desigualdade, embora ela ainda seja muito alta', ressaltou o presidente do Ipea.

O crescimento dos salários é o principal indicador para a melhoria, aponta o estudo. É o que responde por 58% da diminuição da desigualdade. Em segundo lugar vem os rendimentos previdenciários, com 19% de contribuição, seguido pelo Bolsa Família, com 13%. Os 10% restantes são benefícios de prestação continuada e outras rendas.

Neri ressaltou que, dentre todos os vetores para a diminuição da desigualdade, o Bolsa Família é o mais eficaz, do ponto de vista fiscal. 'Se todos os recursos pudessem ser canalizados à mesma taxa para o Bolsa Família, ao invés da previdência, a desigualdade teria caído mais 362,7%', exemplificou Neri no estudo.

A disparidade de renda entre brancos e negros também se alterou. Segundo os dados apurados pelo Ipea, a parcela da população que se declara como negra teve crescimento da renda de 66,3% nos 10 anos. Maior variação foi apurada entre os pardos (85,5%). Entre os brancos, o crescimento foi de 47,6%.

O recorte por regiões mostra que no Nordeste a renda subiu 72,8%, enquanto no Sudeste cresceu 45,8%, sempre no mesmo período de comparação. O estudo conclui que houve queda de 3,2% no coeficiente de Gini entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2012, tendo como base dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

'A imagem da Belíndia continua exata', disse Neri, referindo-se ao termo cunhado por Edmar Bacha. O neologismo tentava demonstrar que os ricos brasileiros viviam em um país semelhante à Bélgica, enquanto os mais miseráveis estavam em situação semelhante à população pobre da Índia. 'A diferença é que agora os pobres brasileiros crescem a taxas indianas, enquanto os ricos crescem como os países europeus.'

FONTE: Brasília em tempo real, http://www.emtemporeal.com.br/index.asp?area=2&dia=25&mes=09&ano=2012&idnoticia=121425

terça-feira, 25 de setembro de 2012


UM POEMA DE MÁH LUPORINI



ESTANTES

I

A noite cantava em meus seios
Presos aos fios dourados
Do teu corpo violeta
Confissões blindadas
Á mesa do bar
Quando as putas
Com suas vestes de arcanjo
Driblaram o crepúsculo
No estaleiro da manhã
Despindo os beatos
Nos bigodes da aurora

II
Pêndulo dos corpos
Nossos risos se encontram
Na cômoda do tempo
Gravetos de lembranças
Rabiscadas no peito
Silêncio de linguagens
Na noite que me encolhe

III
Ensaio de outros eu
Na poltrona do meu ego
Esquentando as inquietações
Das horas


IV
Gozo vibrando
Solto pela pele
Vestindo os sinais
Do teu nome
Em meus lábios

V
Os poros calam
Aos lençóis da insônia

VI
Recolhemos as palavras
Debaixo do ventre casto
Da tua carne

 Máh Luporini é poeta  e editora do jornal "O Grito Cultural"

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA




No livro Privataria Tucana, Amaury Ribeiro Jr. apresenta 105 páginas de documentos que provam o desvio de dinheiro durante as privatizações irregulares realizadas por José Serra e FHC, e apontam os “paraísos fiscais” onde foram depositadas as milionárias propinas dos figurões do PSDB. Não houve nenhuma investigação sobre o assunto e nenhum jornal diário, rede de televisão ou revista semanal do PIG – Partido da Imprensa Golpista – sequer noticiou a existência do livro, um dos mais vendidos no país nos últimos anos.

Já o suposto “mensalão”, noticiado diariamente na mídia no período eleitoral (claro, mera coincidência) não apresenta uma única prova concreta contra José Dirceu, José Genoíno e outros acusados, além de acusações verbais e entrevistas apócrifas, realizadas sem o entrevistado presente, como no caso da VEJA.

O PIG não esconde que o linchamento político do suposto "mensalão" acontece sem provas. Conforme diz a FALHA DE S. PAULO de hoje: “Um ministro ouvido sob a condição de não ser identificado mencionou a possibilidade de os colegas adotarem a chamada teoria do 'domínio do fato' em relação a Dirceu, que considera que autor do delito é quem tem o domínio final sobre o fato, as circunstâncias e os executores. Por ela, o acusado pode ser condenado sem haver prova cabal de que ordenou ato criminoso, mas sim que tinha o controle sobre ele.”

O que estamos vendo não é um simples julgamento de supostos casos de corrupção, nem o exercício da liberdade de imprensa, mas uma tentativa de golpe de estado por vias “legais”, como aconteceu em Honduras e no Paraguai, para manter os privilégios de uma burguesia estúpida, que não aceita nenhum tipo de favorecimento, por mínimo que seja, às classes populares. É um golpe de estado organizado pelo PSDB, pela mídia e por grandes empresários, com a subserviência do STF. 

O que me causa espanto não é o golpismo da direita, mas a passividade da esquerda, que assiste ao desastre sem esboçar reação.

Já passou da hora de reagirmos.

sábado, 22 de setembro de 2012

PALESTINA: A FERIDA ABERTA



Claudio Daniel

A Palestina é uma civilização milenar que apresenta uma rica e variada cultura. A mesquita de Al Aqsa, construída entre os séculos VIII e XI, apresenta uma cúpula folheada a ouro e é um dos mais belos exemplos da arquitetura islâmica. A música e a dança palestinas também se destacam no panorama da cultura árabe, sendo famosa a dança conhecida como dabke, mas a poesia palestina é talvez a manifestação artística mais conhecida desse país no Ocidente, graças à obra de autores como Mahmoud Darwish (1941-2008), considerado por alguns críticos como o principal poeta de língua árabe do século XX. Desde o início de sua história, a Palestina sofreu a invasão de outros povos e a ocupação de seu território por romanos, egípcios, persas, otomanos, ingleses e, a partir de 1948, por imigrantes sionistas europeus, que estabeleceram o Estado de Israel. Após a guerra de 1949, todo o antigo território palestino foi ocupado por Israel, o que levou 750 mil palestinos para o exílio, fato histórico conhecido como Nakba (“catástrofe”, em árabe). Hoje, cerca de 5 milhões de palestinos vivem no exílio, proibidos por Israel de retornarem a suas terras e lares, e outros 4,5 milhões vivem nos territórios de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, que a Autoridade Nacional Palestina reivindica para a formação de um Estado Palestino soberano. A presente exposição de fotos e poemas – Palestina: a ferida aberta pretende mostrar um pouco desse país ainda pouco conhecido pelos brasileiros, com imagens de sua arquitetura, vestimentas típicas, cenas do cotidiano e também de sua resistência à ocupação, que já dura mais de seis décadas. A exposição acontece no aniversário de 30 anos do massacre de 3,5 mil civis palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, no Líbano, realizado por milícias direitistas libanesas, com o apoio logístico de Israel, cujo exército ocupava o país.

Dedicamos esta exposição a todas as vítimas da ocupação dos territórios palestinos, à memória da ativista norte-americana Rachel Corrie (1979-2003) e àqueles que lutam, nos dias de hoje, pela justiça e pela paz.

A exposição Palestina: a ferida aberta é organizada pelo Comitê pelo Estado da Palestina Já, Fepal – Federação Árabe Palestina, Bibliaspa -- Centro de Pesquisa América do Sul - Países Árabes e Zunái, Revista de Poesia e Debates.

ONDE: Biblioteca Alceu Amoroso Lima, localizada na Av. Schaumann, 777, próximo à Praça Benedito Calixto, São Paulo (SP).

HORÁRIOS: de terça a sábado, das 10h às 19h.

Entrada franca.




"O jornal acabou. Não existe mais ("Who killed the newspapers?", se perguntavam os editors do The Economist, em setembro). O que existe é um espectro do que era uma mídia bem resolvida há, talvez, trinta anos. Mas os empresários ainda não sabem o que fazer, já que o modelo de negócio ainda funciona, em parte, porque os leitores de jornais que sobreviveram (e ainda estão vivos) são os que decidem as grandes compras na família (carros, eletrodomésticos), e por isso a publicidade ainda vale alguma coisa nessa mídia. Se isso é bom ou ruim é outra história; mas, de novo, o fato é que a internet, que não é só uma mídia, mas uma esfera de convivência, é o meio que divulga poesia, hoje, em grande escala." (Daniela Oswald Ramos) 




O PSDB e a revista VEJA representam a suposta "elite" de Higienópolis, branca, católica, heterossexual, de alta renda e antocomunista. O que incomoda, profundamente, essa prole de senhores de engenho e donatários de capitanias hereditárias é ver negros estudando em universidades, nordestinos viajando de avião, pobres comendo todos os dias e o porteiro do prédio na rua Maranhão trabalhar com carteira assinada e fazer valer os seus direitos trabalhistas.



Os primeiros tucanos desembarcaram no Brasil no século XVI, como donatários das capitanias hereditárias. O primeiro diretório regional do PSDB -- e também a primeira sucursal da VEJA -- surgiram na capitania de São Vicente, administrada por Martim Afonso de Souza.

Dom João VI (nome completo: João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança) criou em 1808 a Imprensa Régia. Conforme diz a Wikipédia, "a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal publicado em território nacional, começa a circular em 10 de setembro de 1808, impressa em máquinas trazidas da Inglaterra". Sob a direção do tucano imperial Dom Otávio Mesquita Frias Marinho, o tabloide publicava notícias favoráveis ao Império, à Casa Real, à aristocracia e aos grandes proprietários de terras, omitindo qualquer informação que contrariasse tais interesses. Dois séculos e quatro anos mais tarde, a régia imprensa tucana não mudou em absolutamente nada.




"O francês Max Leclerc, que foi ao Brasil como correspondente para cobrir o início do regime republicano, assim descreveu o cenário jornalístico de 1889: 'A imprensa no Brasil é um reflexo fiel do estado social nascido do governo paterno e anárquico de D. Pedro II: por um lado, alguns grandes jornais muito prósperos, providos de uma organização material poderosa e aperfeiçoada, vivendo principalmente de publicidade, organizados em suma e antes de tudo como uma emprêsa comercial e visando mais penetrar em todos os meios e estender o círculo de seus leitores para aumentar o valor de sua publicidade, a empregar sua influência na orientação da opinião pública. (...) Em tôrno deles, a multidão multicor de jornais de partidos que, longe de ser bons negócios, vivem de subvenções dêsses partidos, de um grupo ou de um político e só são lidos se o homem que os apoia está em evidência ou é temível'." (Fonte: Wikipédia)



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ZUNÁI, REVISTA DE POESIA E DEBATES




ZUNÁI, REVISTA DE POESIA E DEBATES

Ano VII, edição XXV, setembro de 2012


O cavaleiro das palavras estranhas, Milton Hatoum

A beleza será convulsiva ou não será: a rebelião da nudez no Facebook, Célia Musilli

Gullar, Leminski e as disputas poéticas da literatura brasileira, Wilton Cardoso

Como reverter a lei da gravidade: uma leitura de adivinhação da leveza, de Duda Machado, Simone Homem de Mello 

Entrevista: Uma conversa com Claudio Willer

Tradução: James Joyce, Chyio-Ni, Hart Crane, Du Fu, Rafael Toriz, Johann Wolfgang von Goethe, Tenessee Williams, Erich Fried, Gottfried August Burger

Prosa: contos de Greta Benitez, Hudson Santos, Ludmila Rodrigues, Susan Blum

Opinião: Cadernos da Palestina (III): os 30 anos do massacre de Sabra e Chatila

Galeria: Carla Ramos

Poetas brasileiros: Claudio Willer, Ademir Assunção, Adriana Zapparoli, Paula Freitas, Marceli Andresa Becker, Nuno Rau, Raul Macedo, Wesley Peres, Lalo Arias, Homero Gomes, Lara Amaral, Sandrio Cândido, Ian Lucena, Janaína Barão, Guilherme Gontijo Flores, Gabriel Resende Santos

Zunái, Revista de Poesia & Debates: www.revistazunai.com.

Preço: Inefável; inconcebível.

Onde encontrar: no ciberespaço, essa “Gran Cualquierparte” (Vallejo).

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

HENRY MILLER, CENSURADO 50 ANOS DEPOIS


Olá, censor! Agradeço por sua visita ao meu mural no Facebook! Notei que você não apreciou uma foto do escritor norte-americano Henry Miller que publiquei aqui, confundindo um documento histórico com pornografia, e acredito que isso se deva à sua ignorância em relação à arte e literatura (caso contrário, jamais exerceria o infame ofício da censor, alimentado por outra atividade não menos desprezível, a do delator). Para evitar que você passe vergonha censurando outras imagens e textos de valor artístico, sugiro que, antes de aplicar a pena autoritária do bloqueio a algum usuário, procure conhecer um pouco mais sobre o que choca a sua finíssima sensibilidade. Em relação a Henry Miller, que você desconhece (sugiro que leia os romances dele, como Trópico de Câncer), publico aqui trechos da Wikipédia, para você tomar conhecimento, por mínimo que seja, desse consagrado escritor norte-americano. Leia, censor! Não existe pior prisão do que a da ignorância.  

"Henry passou sua infância na Avenida Driggs em Williamsburg, Brooklyn, Nova Iorque. Mais tarde em sua juventude, era ativo no Partido Socialista (seu ídolo era o socialista negro Hubert Harrison). Tentou vários tipos de serviços e, por curto período, frequentava aulas no City College of New York. Tanto em 1928 quanto em 1929, passou diversos meses em Paris com sua segunda esposa, June Edith Smith (June Miller). Se mudou sozinho para Paris no ano seguinte, onde morou até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Ele viveu em condições precárias, dependendo da benevolência de amigos, tais como Anaïs Nin, que tornou-se sua amante e financiou a primeira impressão do Trópico de Câncer em 1934.

O livro sofreu dificuldades de distribuição, sendo banido em alguns países sob a acusação de pornografia. No outono de 1931, Miller trabalhou na Chicago Tribune (edição parisiense) como revisor, graças a seu amigo Alfred Perlès que trabalhou lá. Miller obteve a oportunidade de apresentar alguns dos seus artigos sob o nome de Perlès, desde que somente a equipe editorial era autorizada a publicar no jornal em 1934.Seus trabalhos relatos detalhados de experiências sexuais e seus livros trouxeram muito a discussão livre de assuntos de cunho sexual, na literatura norte americana, partindo tanto de restrições legais e sociais.

Ele continuou a escrever romances que foram banidos nos Estados Unidos sob acusação de obscenidade. A maior parte de sua obra gira em torno de sua segunda esposa June Mansfield. Em especial a trilogia Crucificação Encarnada. O casal se separou em 1934. Henry voltaria a se casar outras vezes. Durante a Segunda Guerra Mundial voltou para os Estados Unidos. Passou a ser um escritor prolífico e obteve grande sucesso após a liberação de suas obras na década de 60. Um memorial dedicado a sua obra é mantido em Big Sur, Califórnia, onde morou de 1944 a 1962. O governo Brasileiro proibiu a venda da tradução de Trópico de Câncer na década de 70, porém o livro permanecia sendo vendido no original em inglês. Otto Maria Carpeaux seria um responsável pela divulgação e reconhecimento literário das obras de Miller no país."

terça-feira, 11 de setembro de 2012

MAIAKOVSKI FAZ HOMENAGEM A LÊNIN EM POEMA TRADUZIDO PELA 1ª VEZ NA ÍNTEGRA


Poema contém imagens grandiosas, que se tornaram marca da poética do russo

Aurora F. Bernardini

A morte de Lenin, ocorrida em 21 de janeiro de 1924, foi um duro golpe para o extraordinário poeta russo Vladímir Maiakóvski (1893-1930), então ainda esperançoso quanto ao futuro glorioso da Revolução Bolchevique e ao papel que nela desempenharia. De fato, ele havia recém-organizado, com seus amigos futuristas, a famosa Frente Esquerda das Artes, "que deveria aliar arte revolucionária e luta pela transformação social (...), contando com nomes como Eisenstein, Pasternak, Dziga-Viértov, Isaac Babel, Óssip Brik, Assiéiev, Ródtchenko, etc." (cf. Boris Schnaiderman em Maiakóvski - Poemas, 1967 e 1972); colaborava intensamente com a imprensa, declamava, compunha poemas, peças, roteiros de cinema, pintava cartazes - tudo isso com o apoio do Comissário da Instrução Pública A. V. Lunatchárski, que haveria de lhe faltar no futuro.
 
O poeta participou dos movimentos artísticos de vanguarda da Rússia e se suicidou em 1930

Infelizmente, como se verificou mais tarde, o esforço para levar às massas a sua poesia - de repente considerada "incompreensível" por estudantes que repetiam velhas acusações - acabou não tendo êxito. Junte-se isso a uma série de fatores adversos - o desinteresse em relação à sua obra por parte das autoridades, da imprensa e das agremiações literárias; as polêmicas com a Rapp (a Associação Russa dos Escritores Proletários); a desilusão com o andamento da revolução e com Lila Brik, seu grande amor; a depressão; as sucessivas afecções da garganta, etc. - e é possível compreender um pouco mais por que Maiakóvski tenha se suicidado, em 14 de abril de 1930.

"Quando eu morrer, vocês vão ler meus versos com lágrimas de enternecimento", previu o poeta. Foi o que ocorreu, dentro e fora da extinta União Soviética, incluindo o Brasil - onde acaba de ser lançado o seu longo poema Vladimir Ilitch Lenin, pela primeira vez traduzido na íntegra, diretamente do russo, no País.
Maiakóvski terminou esse trabalho entre abril e outubro de 1924, logo após a morte do homenageado, cuja saúde, conforme é sabido, já era frágil havia anos, em razão de uma bala alojada em seu pescoço, resultado de um atentado cometido por Fania Kaplan em 1918 e, sobretudo, por conta de um derrame, ocorrido em 1922.

Trata-se de um poema para lá de engajado, no qual o poeta rememora os principais passos do "grande estrategista" (assim ele o chama, colocando-o à altura da importância de Marx, o "teórico"), num retrato de sua vida, desde antes do seu nascimento, no Volga distante. Há, nos versos, toda uma descrição da gênese e dos "males" do capitalismo: a espoliação, as falsas utopias, as crises, a impotência. Há, também, a esperança no Partido Comunista, espinha dorsal da classe operária, Há, ainda, a figura de Stalin, a Nova Política Econômica, os Kulaks, a 1.ª Guerra Mundial, o Komintern, o tiro, a morte, a dor, o legado.

Embora didático, é possível encontrar em Vladimir Ilitch Lenin muitas das imagens grandiosas que se tornaram a marca da poética de Maiakóvski.

"As pessoas são barcos./Apesar de estarem no seco./Viverás/ o teu,/enquanto/ uma variedade/de conchinhas sujas/gruda/em nossos/cascos. E depois,/ ao superar/a tempestade em fúria,/sentas/bem junto ao sol,/ e limpas/as barbas verdes/de algas/e o/muco carmim das medusas." Assim lemos alguns dos versos mais vigorosos do livro na tradução contida e sóbria de Zoia Prestes (filha de Luiz Carlos Prestes), que a dedicou ao PC russo. Contida, às vezes, até demais: "Temo por ele/como menina dos olhos,/para que não/seja/caluniado pela beleza" ("dos confetes", acrescenta o original). É verdade que um dos aspectos que mais saltam aos olhos no idioma russo vem a ser o seu caráter sintético - mormente em Maiakóvski. Na hora de traduzir, contudo, é preciso encontrar soluções que, sem perder de vista o poder de síntese da língua, não levem a omissões de sentido. Por outro lado, como os fatos históricos mencionados ao longo do poema estão longe de ser moeda corrente para um público amplo, notas de rodapé mais extensas seriam bem-vindas.


VLADIMIR ILITCH LENIN: POEMA
Autor: Vladimir Maiakovski
Tradução: Zoia Prestes
Editoras: Anita Garibaldi e Fundação Maurício Grabois
(234 págs., R$ 80)


Matéria publicada originalmente no jornal O Estado de S. Paulo


Leiam também o artigo de Adalberto Monteiro publicado no Portal Vermelho, na página http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=192028&id_secao=11

sábado, 8 de setembro de 2012

UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE


O massacre de 3.500 civis palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, no Líbano, realizado por milícias falangistas com o apoio do exército israelense, que ocupava o país, comemora 30 anos em setembro deste ano. Em homenagem às vítimas dessa atrocidade, serão realizadas várias atividades culturais em São Paulo. No dia 18, às 20h, haverá um debate com Emir Mourad, diretor da Fepal – Federação Árabe Palestina – e o jornalista Nataniel Braia, do jornal Hora do Povo, seguido da exibição do premiado filme Valsa com Bashir, de Ariel Forman, no auditório do clube Homs, na Avenida Paulista, n. 735. No dia 21, será inaugurada a exposição fotográfica Palestina: a ferida aberta, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, com um recital poético apresentado pelo poeta Claudio Daniel e por Paulo Farah,  professor de língua e literatura árabes na Universidade de São Paulo. A próxima edição da revista Zunái publicará fotos e textos sobre o massacre nos Cadernos da Palestina, que se encontram no link Opinião.  

30 ANOS DE IMPUNIDADE – ISRAEL E O MASSACRE DE SABRA E CHATILA




Luciana Garcia de Oliveira* 

“Escute, eu sei que você está gravando, mas eu pessoalmente gostaria de ver todos eles mortos ... Eu gostaria de ver todos os palestinos mortos porque são uma doença em qualquer lugar que vão.”
Tenente do Exército israelense, Líbano, 16 de junho de 1982.

Três décadas se passaram do episódio considerado como um dos mais sangrentos nas últimas décadas. Mesmo diante de um crime de enorme proporção, são muito poucos que conhecem de fato a história das guerras do Líbano com todos os detalhes. Talvez esse seja o motivo pelo qual, o cenário do que foram os campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, tenha tido poucas mudanças efetivas. De acordo com diversos correspondentes internacionais que visitam esses locais hoje, os cerca de 13 mil refugiados que vivem em Chatila, além de conviverem com os traumas do passado, sobrevivem com um presente de miséria e abandono.

A mudança deve-se ao fato de que Sabra deixou de ser reconhecido como campo de refugiados, convertendo-se em um dos bairros mais miseráveis de Beirute, sem que haja reconhecimento desses locais como parte do país. Não há coleta de lixo e nem quaisquer serviços públicos, o que torna a situação de moradia e saúde muito mais alarmante do que podemos imaginar.

O pouco conhecimento se deve principalmente ao fato de haver poucos vestígios das lembranças do massacre de Sabra e Chatila. Mesmo diante do boicote israelense na época, as imagens ainda existentes em vídeos e fotografias, podem traduzir com fidelidade o desespero dos sobreviventes diante de centenas de corpos empilhados e ou enfileirados nas ruas estreitas de terra, cercada por casas simples e muitos barracos.

Lembranças traumáticas vividas à partir da noite do dia 16 de setembro de 1982, no instante em que os refugiados palestinos foram surpreendidos com a iluminação de sinalizadores de fogo disparados no céu, clareando a noite. Nessa altura, a população dos campos não pode imaginar o que seriam as primeiras movimentações israelenses para proteger e garantir a entrada das forças falangistas (milícias da extrema direita cristã libanesa) nos campos de refugiados.

O medo e o terror foram imediatamente instalados, quando muitos tanques cercaram a entrada e a saída dos campos. A partir daí Israel e as milícias falangistas deram início à 62 horas de pura violência contra a população civil palestina. Estima-se que esse episódio tenha tido no mínimo, um saldo de 3 mil mortes, entre idosos, mulheres e crianças, em sua maioria.

Israel teria invadido o Líbano em represália ao assassinato de um embaixador de Israel em Londres por um palestino que supostamente vivia no campo de Chatila. Dentro desse mesmo contexto de guerra civil libanesa, o Exército israelense entra em acordo com os chefes das milícias cristãs para viabilizar a invasão dos dois campos de refugiados. O agravante estaria na constatação de que pouco dias antes do atentado, Israel e Palestina haviam assinado um cessar fogo, intermediado por um enviado norte-americano, Philip Habib, que resultou no consentimento palestino pela saída de todos os integrantes da Organização de Libertação da Palestina (OLP) da capital libanesa. Fato que reafirma o massacre civil de uma população absolutamente indefesa.

Naquele instante, o então Ministro da Defesa de Israel não cumpriu com o acordo e permitiu que a Falange entrasse nos campos e realizasse o massacre. Ao mesmo tempo, o Exército de Israel detinha o controle da entrada e saída dos campos. Testemunhas relataram que muitas mulheres grávidas e com crianças de colo foram sumariamente impedidas de saírem dos campos. Alguns dias após o massacre e ainda durante o cerco em Beirute, a OLP acusou Israel de empregar táticas semelhantes às utilizadas por Adolf Hitler contra os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

Os responsáveis pelo massacre nunca foram punidos. Ariel Sharon, chegou a ser condenado pelas Nações Unidas, porém nunca foi penalizado de fato. Ao contrário, continuou exercendo impunemente sua carreira política em diversos cargos dentro do Ministério de Israel.

A impunidade e a injustiça estão absolutamente divulgados no chamado relatório da comissão Kahan, datado de 1983, documento pelo qual o jornalista Robert Fisk não se furtou em classificar o massacre como o resultado “da obsessão selvagem de Israel com o terrorismo”. Em sua obra Pobre Nação ressaltou: “Os israelenses retrataram o documento como uma poderosa evidência de que sua democracia ainda brilhava como um farol sobre as ditaduras dos outros Estados do Oriente Médio” (FISK, 2001, p. 518). Mesmo diante dessa constatação, ao analisar o texto desse documento oficial, é possível concluir que trata-se, acima de tudo, de um documento extremamente falho e tendencioso em seu conteúdo. A começar com o título: sobre “os eventos nos campos de refugiados”, ao invés de qualifica-lo como massacre, sem ao menos mencionar a palavra palestino.

E por falar em terrorismo tão repetidas vezes, os autores do relatório Kahan demostravam que haviam esquecido a regra básica que todos os invasores do Líbano deveriam aprender: “que, ao se tornar amigo de um grupo terrorista, você também se torna terrorista” (FISK, 2001, p. 523). A informação é a arma mais eficaz para que a impunidade não prevaleça e a história jamais seja esquecida.

(*) Integrante do Grupo de Trabalho sobre o Oriente Médio e o Mundo Muçulmano do Laboratório de Estudos sobre a Ásia da Universidade de São Paulo (LEA-USP).



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A ROCHA REFLETIDA NOS OLHOS DO ROUXINOL


 
Caros, confiram um caderno especial sobre o haicai publicado há algum tempo na Zunái, Revista de Poesia e Debates, na página http://www.revistazunai.com/materias_especiais/haicais/index.htm

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O HAICAI: SUA CRIAÇÃO


 
Orientador: Claudio Daniel
Objetivo: apresentar a história, conceitos, filosofia estética e construção formal do haicai, poema breve japonês surgido no século XVII. Além das aulas teóricas, haverá discussão dos poemas produzidos pelos alunos.
  
De 04 de setembro a 25 de outubro
Terças e quintas
Das 19h às22h
Local: Escola de Teatro – Praça Roosevelt, 210 – Centro, São Paulo (SP)


BIBLIOGRAFIA DO CURSO:

BASHÔ, Mstsuo. Sendas de Oku. São Paulo: Roswitha Kempf Editores, 1983.

BASHÔ, Matsuo. Trilha estreita ao confim. Trad.: Alberto Marsicano. São Paulo: Iluminuras, 1997.

CAMPOS, Haroldo de. A operação do texto. São Paulo: Perspectiva, 1976.

CAMPOS, Haroldo de. A arte no horizonte do provável. São Paulo: Perspectiva, 1977.

CAMPOS, Haroldo de. Ideograma. São Paulo, Edusp, 2000.

CAMPOS, Haroldo de. Hagoromo de Zeami. São Paulo: Estação Liberdade, 1993.

FRANCHETTI, Paulo, DOI, Elza Taeko e DANTAS, Luiz. Haikai. Antologia e história. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1990.

GOGA, H. Masuda. O Haicai no Brasil. São Paulo: Massao Ohno, 1988.

HAMMITZSCH, Horst. O zen na arte da cerimônia do chá. São Paulo: Pensamento, 1993.

HERRIGEL, Eugen. A arte cavalheiresca do arqueiro zen. São Paulo: Pensamento, 1989.

HERRIGEL, Eugen. O caminho zen. São Paulo: Pensamento, 1990.

HERRIGEL, Gusty L. O zen na arte da cerimônia das flores. São Paulo: Brasiliense, 1995.

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MARSICANO, Alberto. Haikai. São Paulo: Editora Oriento, 1988.

MENDONÇA, Maurício Arruda. Trilha forrada de folhas. Nenpuku Sato, um mestre de haikai no Brasil. São Paulo: Ciência do Acidente, 1999.

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PEIXOTO, Afrânio: Missangas. Poesia e folclore. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1931.
                            
PEIXOTO, Afrânio: Trovas populares brasileiras. 1919.

RUIZ, Alice. Dez hai kais. Florianópolis: Editora Noa Noa, 1981.

SAITO, Roberto, GOGA, H. Masuda e HANDA, Francisco. Cem haicaístas brasileiros. São Paulo: Massao Ohno Editor, 1990.

VERÇOSA, Carlos. Oku: viajando com Bashô. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, 1996.

WATTS, Alan. O espírito do zen. São Paulo: L&PM, 2008.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O GAROTO DE RECADOS VIRTUAL


Olá, hacker! Agradeço pela gentileza da visita que você fez à minha página no Facebook hoje, às 07h30, de São Paulo. Espero que tenha gostado de minhas postagens, comentários e mensagens privadas. Por favor, diga ao juiz da Vara de Pinheiros, que mora na Praça Villaboim, que se ele quiser saber mais sobre a minha vida particular, profissional, política ou literária ele pode me perguntar pessoalmente! Sei coisas terríveis a meu respeito e terei o maior prazer em informá-lo a respeito de tudo sobre mim. 

Há braços,

CD