uma única vez
acordaram-me de um sono de feras
via através
de um rasgo
no olho orquidário do planeta
vi-me fora das grades
internas
diria metamorfose
mas não puderam conter-me fora
abrasivo, lunático de lucidez
quebrava o sedimento do caminho
deitaram-me entre alfazemas
devonianas
desfizeram correntes imaginárias
mas não puderam sustentar-se
com a serenidade de escarpa
nem com as monções, nem com as siestas
acossado de mim
digeri a planície do poente
e grãos de lótus devolveram-me ao centro
não puderam manter-me externo
pois era dentro
onde estava
o que sondei além
o que lançou-me de vós
agora, orbito semi-desperto
com o olfato domado por
cílios que chovem hibiscos
(14/03/10)
* * *
a passagem do fogo nos feriu
com o corpo de água salamandra
mas não te relego o rosto
ao apagado da caixa de memórias
deixo-te assim:
escapulário e camafeu
soando artesanato
em fechadura destravada
de medalha antiga
gravura que não devora
o pulso que a decora
e
pulsa pulsa pulsa
asa
fecha e abre
e sela
o dadaísmo das manhãs
que ainda não se fartaram
de esculpir o cadáver esquisito
da noite
(05/03/10)
(Leia mais poemas da Andréia no blog O Hábito Escarlate, http://habitoescarlate.blogspot.com/)
terça-feira, 16 de março de 2010
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Nas entrelinhas, nenhum "quá-quá". (Rsrs) Ela tece muito bem o ritmo, tem um bom domínio do que diz e o fala sem rodeios, embora, ao mesmo tempo, envolva-nos com um jogo de contrários muito bem tramado.
ResponderExcluirCaro Wilson, agradeço pelos comentários, companheiro!
ResponderExcluirO abraço do
Claudio