Uivo
uma dor perdida
e latejo
num vasto espaço
que a cartografia da noite
diz ser a região dos silêncios.
Uivo.
Neblina.
* * *
Amor é morte
carta violada
que sangra aberta
todos os degredos
túmulo rasgado
entre véu e selos
leitura suicida
e assassinada.
Amor é morte
carta extraviada.
* * *
O sol
devolve
cada coisa
que a noite
furtou
com sua língua de gata.
E tudo retorna
ao seu lugar usual.
No entanto,
nem tudo se recupera:
o jardim de feras em chamas que há nos sonhos,
e entre o Abismo e o Unicórnio,
Eurídice,
o meu olho cego.
(Do livro A Cartografia da Noite, a sair em breve.)
quinta-feira, 18 de março de 2010
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Para mim, ela supera o seu idolatrado conterrâneo!
ResponderExcluirCaro Raphael, a qual conterrâneo você se refere? Poesia, para mim, não é objeto de idolatria, mas de sensibilidade e compreensão estética.
ResponderExcluirCláudio,
ResponderExcluirpara mim, poesia verdadeira é aquela que nos causa um despertar, que atinge regiões nunca antes tocadas, nos provoca a ponto de dela nos sentirmos irmanados, e nos suscita outras obras, como se, assim, pudéssemos dar continuidade à febre que ela nos causou. Dentro de tudo isso, situa-se a poesia de Micheliny Verunschk, cujo cerne, aliado à uma estrutura maravilhosa, contém, a meu ver, algo que supera nomeclaturas em cânones e estilos. E que ocupa lugares de ouro dentro de nós.
Um forte abraço! E continue firme!
Abraços!
Caro Wilson, agradeço muito pelo comentário... "a poesia de Micheliny Verunschk, cujo cerne, aliado à uma estrutura maravilhosa, contém, a meu ver, algo que supera nomeclaturas em cânones e estilos. E que ocupa lugares de ouro dentro de nós." É isso aí. Abração,
ResponderExcluirCD
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