OLHANDO A LUA, NA MINHA MONTANHA
Se um dia um búfalo subir até a lua
Será decerto o meu pequeno búfalo
E quando ele voar, sem dúvida será
O dia do Festival do Meio do Outono
Tal como eu o recordo claramente
Alguém que deixa a montanha e olha para trás
Há um salgueiro imenso que lhe acena
No alto do salgueiro está o pequeno búfalo do pastor
É sempre a meio do Outono que ele sobe para a lua
Em cada Outono alguém estará partindo para longe
Atravessando oito mil milhas em trinta anos
Quem sabe, se quando vejo o luar do topo da montanha
No alto do salgueiro, lá está o búfalo estelar
O mesmo de quando eu era menino
PINTURA SUSPENSA
Onde, o lado indiscernível
Da montanha sagrada?
Ilhas de sonho
Na esfera azul
Nuvens e névoa
Descem, lentíssimas
Até sumir
Uma
A
Uma
No seio do lótus branco
Lótus branco
Lótus branco
Lótus branco
Lótus branco
(Dois poemas de Gao Ge, traduzidos por Fernanda Dias)
Poemas extraídos do livro Gao Ge: Poemas, organizado e traduzido por Fernanda Dias. Instituto Português do Oriente, coleção Escritas de Macau, 2007.
ResponderExcluirGosto especialmente do segundo.
ResponderExcluirOnde, o lado indiscernível
da montanha sagrada?
Pelo que sugere me lembra um poema do Herberto Helder no seu Ou o poema contínuo.
O poema
IV
Nesta laranja encontro aquele repouso frio
e intenso que conheço
como um dom impossuído.
Do ouro terá a luz interior, terá
a graça desconhecida daquilo que mal pousa
na mesa, no mundo.
Bem observado, Marceli.
ResponderExcluirBeso,
CD