Caros, estou há exatamente nove meses sem emprego. Tenho 46 anos, e nunca em minha vida eu fiquei tanto tempo sem trabalho. O meu curriculum está no Catho, mas só tive duas entrevistas até agora. Busco vagas de revisor, preparador de textos, redator, editor assistente, professor de literatura, e nada. Além da idade “avançada” (quá quá quá), o meu curriculum é pouco competitivo justamente porque eu tenho mais experiência: por incrível que pareça, 80% das vagas que aparecem no Catho, nessas áreas, são para estudantes ou recém-formados, pois as empresas têm a cara-de-pau de oferecer salários de R$ 500,00 a R$ 1 mil... parece piada, mas é verdade.
Já me cadastrei no Trabalhe Conosco dos sites de dezenas de empresas e sempre consulto os cadernos de empregos aos domingos. Tudo o que consegui, até hoje, foram uns poucos frilas que não cobrem 30% de minhas despesas (e já cancelei o curso de natação de meu filho, o meu curso de Tui Sou, reduzi as compras de supermercado, cortei despesas em tudo o que se possa imaginar, mas a minha despesa mensal ainda é alta: pago aluguel, escola de filho e zilhões de outras coisas que vocês sabem muito bem).
O que eu posso fazer, para evitar a depressão ou um surto homicida, é estudar literatura portuguesa (releio os trovadores, Gil Vicente, Padre Vieira, Camões, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Herberto Helder etc.), para fazer os exames de ingresso ao doutorado, em 2010, e praticar, regularmente, Tai Chi e Aikidô, que fortalecem meu corpo e espírito. Revejo os filmes de que gosto no DVD, ouço jazz, óperas de Wagner, curto a família, como se estivesse num longo período de férias. Porém, a situação está por um fio: minhas reservas financeiras acabaram, já estou operando no vermelho e logo terei de fazer empréstimos apenas para pagar as contas em dia (e claro que depois não terei como pagar os empréstimos; ainda existe prisão por dívidas?). Enfim, meus caros, é o caos. Se alguém souber de vaga em algum lugar, mesmo fora de São Paulo, por favor, me fale.
Mavimpi,
Claudio
Já me cadastrei no Trabalhe Conosco dos sites de dezenas de empresas e sempre consulto os cadernos de empregos aos domingos. Tudo o que consegui, até hoje, foram uns poucos frilas que não cobrem 30% de minhas despesas (e já cancelei o curso de natação de meu filho, o meu curso de Tui Sou, reduzi as compras de supermercado, cortei despesas em tudo o que se possa imaginar, mas a minha despesa mensal ainda é alta: pago aluguel, escola de filho e zilhões de outras coisas que vocês sabem muito bem).
O que eu posso fazer, para evitar a depressão ou um surto homicida, é estudar literatura portuguesa (releio os trovadores, Gil Vicente, Padre Vieira, Camões, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Herberto Helder etc.), para fazer os exames de ingresso ao doutorado, em 2010, e praticar, regularmente, Tai Chi e Aikidô, que fortalecem meu corpo e espírito. Revejo os filmes de que gosto no DVD, ouço jazz, óperas de Wagner, curto a família, como se estivesse num longo período de férias. Porém, a situação está por um fio: minhas reservas financeiras acabaram, já estou operando no vermelho e logo terei de fazer empréstimos apenas para pagar as contas em dia (e claro que depois não terei como pagar os empréstimos; ainda existe prisão por dívidas?). Enfim, meus caros, é o caos. Se alguém souber de vaga em algum lugar, mesmo fora de São Paulo, por favor, me fale.
Mavimpi,
Claudio
Cláudio, por incrível que pareça, a sensação que tenho é que quanto mais sabemos menos ganhamos (financeiramente). O mercado está violento. Paga-se muito pouco e as pessoas aceitam. Logo, tem um monte de gente recebendo salário subhumano (é assim q se escreve pelas novas regras?) apenas para existir. Torço para que vocês encontrem logo o equilíbrio, viver na corda bamba, só bêbados... e malabaristas. Há uns dois meses, assaltaram meu salário inteiro (do motorista da empresa)...putz, recuperar este hiato está díficil.. imagino você. Mas, não enlouqueça! "o homem nasce bom..." e logo as luzes se acenderão... abs, sônia (a Letreira)
ResponderExcluirSônia, é verdade, vivemos numa época muito delicada, em que está cada vez mais difícil sobreviver... espero que os deuses da poesia tenham compaixão de nós... beso,
ResponderExcluirCD
Claudio, vez ou outra surge concurso por aqui em João Pessoa. A Escola Técnica (Instituto Federal de Pesquisa), por exemplo, lançará edital para professor (efetivo), cujo salário inicial, salvo engano, é de R$ 7.500,00. Dá uma olhadinha no site, talvez seja uma oportunidade, porque lá eles também precisam de professor na área de línguas.
ResponderExcluirQualquer coisa, estou a seu dispor.
Acho melhor a gente fazer um daquels "save fulano". Fazemos dois, um pra mim, e um pra você.
ResponderExcluirA gente também pode pensar numa comunidade hippie no meio do parque do Ibirapuera.
É pra chorar, mesmo. Ninguém merece.
bjs, o bom disso é você estar curtindo mais a família e os livros, só.
bjs
Caro Daniel, grato pelo toque. Em geral, as universidades públicas contratam só doutores (eu sou mestre, começarei o doutorado em 2010). As faculdades privadas já preferem contratar mestres, para pagar menos. Eu vou ficar de olho nos concursos da Escola Técnica. Foi ótimo revê-lo em Recife! Abração,
ResponderExcluirCD
Aninha, adoraria criar uma comunidade hippie, mas não pode ser no Ibirapuera, pois o Kassab ia mandar prender todo mundo (rssss). Se eu não tivesse família, mandava tudo à merda e ia morar num mosteiro budista. Mas não há como fugir: é preciso vencer o tigre à unha. Por isso também o treino nas artes marciais é importante: ajuda a gente a manter o equilíbrio interno, mesmo nas situações mais difíceis, e a encarar os perigos de frente. Também estimula a criatividade, a busca de soluções alternativas. Espero encontrar uma logo, que Boddhidharma me envie uma luz... beso,
ResponderExcluirCD
Meu amigo Daniel, lamento sua situação. Sou professor de ensino público e também ganho pouco. Apenas para sobreviver. É lamentável que escritores e gente de talento cultural seja tão menosprezado em nosso país. Esse país que pouco valoriza da cultura! Um abraço e força!
ResponderExcluirHilton, grato pela força. Abração,
ResponderExcluirCD
Muita força Claudio. Estou torcendo por você. Por todos nós, enfim... Parece que estamos todos no mesmo barco. Deus, que tempo é este... Abraço.
ResponderExcluirClaudio: mais que lamentável, essa situação é assustadora. Uma pessoa talentosa, com grande conhecimento como você, passando esse perrengue. Se fosse burro e vazio você teria mais chances: quem sabe arrumaria um bom emprego de apresentador de televisão e ganharia os tubos. É triste. É constrangedor. Mas a gente vê que você está lutando bravamente. Uma hora dessas, não é possível, as coisas mudam. Eu gostaria muito de poder ajudar, mas, você sabe, também vivo no fio na navalha. Sorte pra nós, camarada.
ResponderExcluirCláudio,
ResponderExcluirVc já levou seu currículo para as universidades particulares, como UNIP, UNINOVE, Mackenzie, São Marcos, etc... Esta época é boa pra isso. Mesmo para as escolas de ensino médio, particulares, é legal levar o currículo. Qd eu estava sem emprego e recém-chegada aqui na cidade, fiz isso e consegui uma escola para trabalhar.
Bj!
Susanna, tudo bem? Infelizmente, já fiz isso há meses, e até agora não fui chamado... no ensino médio não posso lecionar, pois minha graduação é em jornalismo, só o mestrado é em letras... se souber de algo, por favor, me fale! Beso,
ResponderExcluirCD
Ademir, pois é, meu camarada, estamos no fio da navalha... nunca passei por uma crise igual a essa, antes... espero encontrar logo uma solução, antes de vender meu rim esquerdo a traficantes de órgãos de Hong Kong... o abraço do
ResponderExcluirClaudio
Claudio, assim que li o seu texto, lembrei-me do desabafo do mestre Octavio Paz:
ResponderExcluir"A poesia não ilumina nem diverte ao burguês.Por isso desterra o poeta e transforma-o em um parasita ou um vagabundo.Daí que os poetas não vivam, pela primeira vez na história, de seu trabalho.Seu labor não vale nada e este não valer nada traduz-se precisamente em não ganhar nada.O poeta deve buscar outra ocupação (desde a diplomacia até o roubo) ou perecer de fome."
Sugestão:
Mude-se para um país que tenha mais respeito à Inteligência. Sei que isso é raro hoje em dia, mas acredito que ainda existem uns quatro ou cinco lugares no mundo que valorizam minimamente os verdadeiros artistas.
Abraço!