sexta-feira, 24 de setembro de 2010

UM POEMA DE LEONARDO GANDOLFI

DESAPARECIMENTO DE AGATHA CHRISTIE

Quando descobrir o que seu suspeito vai fazer
é sua obrigação se antecipar a ele,
chegar ao local antes que o crime aconteça.
Se quiser descobrir o que ele está tramando
ou pensando será melhor persegui-lo.
Se possível entre o repetido
e o simultâneo.
Por terraços,
esquinas, destroços, seguir e
seguir até que não exista diferenças entre
vocês, dizia meu avô, inspetor de polícia.
Pistas falsas, velocidade, solidão. Atrás dele
não para pensar como ele, mas por ele –
me perder onde se perdeu, parar onde
parou, ver o que viu. Ah os dias
– todo o nosso esforço resumido
nessa idéia da sombra, salvo
engano, seu sentimento de
pertença. Um peso, duas
medidas, quantas
desculpas.
Nessa hora
quando tudo parecer sem razão
ou regresso, quando a procura
não for mais que descompasso e divisão,
nada de espanto. A telepatia, como se vê,
limita-se às bebidas mais baratas,
conduz ao amor, às suas cidades.

(Leiam mais poemas de Leonardo na edição de outubro da Zunái.)

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