quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Gabriela Marcondes trabalha com a palavra poética em todas as suas dimensões: plástica, sonora e logopaica. Ela é autora de poemas visuais, poemas-objeto (alguns deles apresentados no festival Artimanhas Poéticas, realizado no Rio de Janeiro em 2009) e desenvolve interessantes pesquisas com as novas tecnologias eletrônicas, ao mesmo tempo em que escreve poemas em verso, com o mesmo rigor e inventividade formal, como os reunidos no livro Depois do vértice da noite, seu segundo título de poesia, publicado há pouco pela 7 Letras (seu primeiro livro, Vide o verso, saiu em 2006). A escrita de Gabriela é concisa, fragmentária, incorpora a visualidade das vanguardas, na disposição de palavras e linhas, ao mesmo tempo em que utiliza elementos tradicionais da arte poética, como a aliteração, a assonância, o trocadilho, relidos sob uma ótica contemporânea e com uma dicção bem pessoal. Gabriela tem um sexto sentido que sabe conjugar a construção formal com o humor, a ironia e a coloquialidade, sem cair no poema-piada ou no poema-crônica-de-jornal, banalizados pela excessiva diluição do Modernismo. Ela consegue obter linhas de alto impacto estético pelas associações entre objetos animados e inanimados, pelo uso da alegoria, do paradoxo, de inusitados adjetivos, entre outros recursos barroquizantes, que ela consegue traduzir em versos de aparente simplicidade, como “a realidade nem sempre trabalha de olhos abertos” ou ainda “fiz as pazes com as sombras”. Gabriela Marcondes é uma poeta para ser lida com a inteligência e os sentidos em estado de alerta.

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