domingo, 17 de janeiro de 2010

VAMOS FALAR DE POLÍTICA?

Caros, o Programa Nacional de Direitos Humanos, apresentado pelo governo federal, apresenta uma série de propostas avançadas para o país, como a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a descriminalização do aborto, a punição dos crimes de tortura praticados durante o regime militar, a taxação das grandes fortunas, a revisão das regras dos planos de saúde (mais interessados no lucro fácil e rápido do que na proteção da saúde dos associados), entre outras medidas. O texto é volumoso, com mais de 500 propostas, e certamente merece discussão aprofundada na sociedade. A mídia vem atacando duramente o programa, assim como os militares, a cúpula católica e os grandes proprietários de terras, e por conta dessa pressão das camadas mais retrógradas da sociedade (com o apoio de partidos como o PSDB), o presidente Lula abrandou o texto do programa, deixando vago o artigo sobre crimes de tortura e retirando a questão do aborto. Se a sociedade civil não reagir, posicionando-se a favor do Programa Nacional de Direitos Humanos, corremos o risco de perder uma chance histórica. Não se trata de apoio ao PT, ao Lula ou à candidatura de Dilma, mas sim a propostas específicas que são positivas para a maioria da população do país. Enquanto nós ficamos quietos e calados, a direita entra em ação, e ela sabe muito bem defender os seus interesses.

9 comentários:

  1. De fato, Cláudio, ainda não encaramos de frente as questões da sexualidade na esfera política, que também é uma questão de saúde pública. Aborto é uma delas e se liga consequentemente ao exercício livre da sexualidade, à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e à prevenção da gravidez. A Igreja Católica e outras correntes religiosas ligadas a um conservadorismo estreito são responsáveis pela falta de um olhar mais realista e menos hipócrita e puritano para essas questões. A sociedade deveria sim se mobilizar para essas questões para avançar no exercício pleno da cidadania e da democracia.

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  2. Susanna, pois é... enquanto os militares fazem pressão para manter a impunidade dos torturadores, a gente fica aqui, marcando bobeira... onde estão as entidades de defesa das mulheres e o movimento gay, que não saem em defesa do Programa Nacional de Direitos Humanos, se não em sua totalidade, ao menos nos pontos que dizem respeito a eles? Por que os sindicatos e os estudantes não fazem passeatas a favor da taxação das grandes fortunas e outras medidas de combate à pobreza e à desigualdade social? Vamos deixar os lobbys militares, evangélicos, latifundiários e a mídia derrubarem o programa, sem fazermos nada? Política não é só votar nas eleições, é também pressionar o governo e os parlamentares, para que eles respeitem os nossos direitos. Beso do

    CD

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  3. Só li coisa ruim a respeito...Preciso me informar melhor.

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  4. Rose, a imprensa só mete o pau no projeto, porque ele contraria os seus interesses. A questão é; e os NOSSOS interesses?

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  5. O Programa Nacional de Direitos Humanos tem mais de 500 pontos, eu não conheço todos eles, mas acho muito positivo que exista um documento como esse para ser discutido pela sociedade. Não é preciso, ou mesmo possível, que concordemos com tudo, mas acho que os intelectuais e setores organizados da sociedade deveriam se manifestar. Inclusive, para propor modificações ou acréscimos (não para afrouxá-lo, como deseja a direita, mas para que ele seja de fato viável e representativo). Não estou querendo defender governo algum, mas há pontos específicos muito importantes nesse projeto que, se não tiverem respaldo da sociedade, serão arquivados, pela pressão da direita e apatia parlamentar. Se alguém discorda dessa ou daquela questão, ótimo, expresse o seu ponto de vista, proponha alternativas, leve a discussão junto a sua comunidade, escreva ao seu deputado, mas não vamos perder essa chance histórica... por enquanto, só os lobbies da igreja, dos latifundiários (designados agora pelo eufemismo de "agronegócio"), da mídia e do exército estão atuando, e, se depender deles, vamos continuar na mesma merda, sempre. Há braços,

    CD

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  6. Saiu na Folha de S. Paulo no dia 10 de janeiro, caderno Cotidiano, pag. 12: “A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, mandou abrir os arquivos confidenciais sobre a atuação das Forças Armadas durante a ditadura militar que vigorou de 1976 a 1983. A documentação está agora disponível à Justiça para subsidiar a apuração de violações aos direitos humanos pelo regime”. É muito importante também a investigação da chamada Operação Condor, em que militares do Brasil colaboraram com seus colegas de outros países latino-americanos para a tortura e assassinato de opositores. Que tudo seja divulgado e apurado!

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  7. Quem quiser ler a íntegra do programa pode acessá-lo na página http://www.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf

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  8. Daniela19.1.10

    A apatia dos movimentos organizados frente a esse espisódio é realmente desanimador. Essa histeria de uma suposta polarização partidária - tão propalada pela grande mídia - vem reduzindo a política a uma guerra de torcidas. Deprimente. Debater a importância desse documento sobre Direitos Humanos tornou-se sinônimo de apoiar ou não Lula e sua candidata. E nessa,a direita segue cada vez mais despudorada (no mau sentido do despudor).

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  9. Daniela, concordo com você: um tema que exigiria discussão séria e aprofundada na sociedade transformou-se em debate eleitoral, como se defender o programa de direitos humanos fosse a mesma coisa que defender a eleição da Dilma. No Brasil, confunde-se políticas de Estado com programas partidários ou de governo, o que só prejudica a conquista de direitos sociais. Os sindicatos, entidades de estudantes, artistas etc. estão perdendo um tempo precioso: temos de pressionar o congresso para aprovarmos os pontos principais desse programa, ou perderemos uma chance histórica.

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