segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

RELENDO MOI-MÊME (II)


NOITE-OCEANO

ondulosamente

a noite

azul-turquesa

oceânica

perpassa

em tuas

pupilas

— seda

azeviche

jaspe

negro

pele de

jaguar:

a comum

cegueira


NOITE-SEIOS

luazulada

alvíssima

deslinda-se

no céu

finíssima

auréola:

pó de luz

que cintila

nos róseos

mamilos

desnudados

— lua

em luas

refletida,

prata

em prata

lucilada


TABI

o vento
açoita
bambus:

dançam
sombras.

no caule
da vagem,
o orvalho

resvala
na lua.

o gato
imita
o tigre:

rumor
de aves.

brancas
geleiras
lácteas:

o colo
do cisne.

o fuji
apunhala
a névoa:

fiapos
de branco.

no sonho,
o monge
em viagem:

tudo
é miragem.

(Poemas do livro Yumê. São Paulo: Ciência do Acidente, 1999.)

2 comentários:

  1. Olá.
    Não tinha conhecimento da tua existência. Hoje tive. Mas sabe como é, a academia nos ocupa a mente com seus modos monofocais... Somente nessas férias encontrei maneira de comer poesia de poetas jovens, vivos, alguns até vívidos, alguns bem saborosos, alguns tão novos e já mortos. Fiquei contente de ler-te aqui. Muito bom trabalho. Um encontro alegre, diria Spinoza. Agradeço.

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  2. Caro, pois é, e eu tenho vinte anos de estrada... você pode conferir uma antologia de minha produção poética na antologia Figuras Metálicas, que saiu em 2005 pela editora Perspectiva (coleção Signos). A universidade ficou muito tempo alheia à poesia contemporânea, mas hoje há alguns professores abertos ao novo que tratam do tema em suas aulas, como o Antônio Vicente Seraphim Pietroforte e o Roberto Zular, na USP, a Susannah Busato na UNESP, a Maria Esther Maciel na UFMG, e alguns outros. Abraço,

    CD

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