segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

TRÊS POEMAS DE YAO JINGMING

OS OLHOS

Sem dizer que são a destruição do mundo,
ou dois cestos cheios de nada.

São sempre uma casa, atrás do horizonte,
e muito maior do que a noite.

Mas sem a porta
pinto-a, com o vento cego;
sem palavras.


O SEU MAR DE LÁGRIMAS

Ao seu mar de lágrimas,
quantas pessoas vão com uma colher?

Só eu, por ser peixe.


CADA UM À ESPERA DO OUTRO

Cada um à espera do outro...
Sempre.

Eu, disposto
já parti para uma espera certa
à minha maneira...
Ando em cantar.

O que sai da minha garganta é canção.
O que se sufoca na minha garganta é também canção.
Com elas, estrangulo a distância
e faço dela uma porta aberta
para uma história.

Cada um à espera do outro
sempre
sempre.

(Do livro Nas asas do vento cego. Lisboa: Átrio, 1991)

5 comentários:

  1. O raro aqui é espetacular. Essas dos olhos ainda melhor que a tal da "janela da alma", disse tudo! Não conhecia. :)

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  2. Luiza, grato. O Yao Jing Ming é um poeta chinês de expressão portuguesa que reside em Macau, ele ainda é pouco conhecido no Brasil, infelizmente. Beso do

    Claudio

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  3. Lindos os poemas, Claudio. Onde encontro mais de Yao Jing Ming?

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  4. Nydia, infelizmente, não há livros do Yao editados no Brasil; conheço alguns títulos que saíram em Macau e em Portugal. Com alguma dose de sorte, você poderá encontrá-los via site Amazon ou no Estante Virtual... beso do

    CD

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  5. Yao tem um blog de poemas mas em ingles: http://blog.sina.com.cn/bacalhau

    Mario

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