quinta-feira, 8 de abril de 2010

NIGRA SED PULCHRA


venus amoris: bela, aphrodisea, labial, naturalis, divinal, imagini magi: perversa, polimorfa, bárbara arcana, gótica picatrix, putana: poma floresque in manu dextra (occulta) & in sinistra erecti ignem flores: faminta, ofídica, felídea, curvilínea, bestia domina, encantatrix, bruxuleante: Alucinógena Máxima: plutônica, úmida, cálida fenestra: arrogante, amorosa, barroca virgo violata: vagabunda, adorada, phoecunda: venérea venerada
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TESSERA: DUPLO RAPTO

Era um escândalo que estivessem no Pai sem percebê-Lo

Estamos entrando agora na zona de sombra (estriada) do Estranhamente Outro, / dos velhos vinhos do inverno quando os jardins sibilam lentos & iniciam seus incêndios / & a cauda do pavão se agita & repousa sobre estas pálpebras de citrino / na febre africana das estrelas que estremecem nas bordas do zodíaco & desabam / sobre as afinidades eletivas destes rastros entre brasas novamente recicladas / nas órbitas excêntricas da alta pirataria do pensamento cósmico-planetário, / nas chamas xamânicas das palavras repetidamente iluminadas & obscurecidas / (ó lábio carnal da realidade que bebe meu sangue & retorna) / com todas as suas penas & garras de ave de rapina & suas escamas & línguas bifurcadas de serpente / o Grande Espírito / dançou / seus lentos milênios de cópulas, de mundos que se desintegram / & refazem: chamem seus animais, chamem suas fêmeas para presentear a Presença: poções, /ó veneno/ abrindo tuas entranhas com estes outonos de Sol, turvos & turbulentos, / enquanto meu tato toca peles pintadas de panteras & o elétrico veludo das negras arraias / entre as estranhas mutações desta crisálida, entre novos objetos & animais em vias de extinção, / devastando o vasto banquete do universo & todas estas orgias & tragédias / (ó lábio carnal de ninfeta que bebe meu sangue & retorna): / nós pagãos seríamos chamados a sonhar juntos, hereges de uma outra linhagem, a Ausência Ardente, / & exposto assim à verdade vertical do absoluto o verão vem terminar sua viagem / no grande trígono astrológico do amor (sublime), da baderna & da beleza (bárbara) / & quando a primavera novamente menstruada regressar com a morte entre as pernas & estes alegres carnavais cruéis / eu estarei Silencioso & Louco //(repito literalmente & em todos os sentidos minhas verdes alucinações de ervas, nossas Línguas Ébrias / & lúcidas). // A outra voz vem da vertigem.

S. Paulo, 1980 - Visconde de Mauá, 1982 - S. Paulo, 1992

(Poemas de Rubens Zárate. Leiam outros textos do autor no blog http://nigrasedpulchra.blogspot.com/)

4 comentários:

  1. psicografia poética. para se ritualizar. achei fabuloso o texto.

    abraço.

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  2. Que texto maravilhoso!!!! Viva o Bruxo!!!!

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  3. maravilha, Zárate! amei! beijosie

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  4. maravilha, Zarate! amei! beijosie

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