quinta-feira, 15 de abril de 2010

POEMAS DE MALCOLM DE CHAZAL

A luz
Com
Cada cor
Muda
De
Pele.

O amor
Sem
Meta
É
A fonte
De
Todos
Os ódios.

As cifras
Sempre
Se
Enganaram
Por causa
Do zero.

As palavras
Desde
Tempos
Imemoriais
Procuram
Sua
Significação.

O espelho
Conhece
Apenas
Suas costas.

Deus
E
Diabo
Reunidos
Dão
Histeria.

* * *

Os barcos
São
Femininos
Nos
Portos
E
Machos
No mar.

O nascido-cego

As cores
Dos
Sentimentos.

* * *

A lógica
Nunca
Se
Raciocinou.

O pássaro
Que
Tem medo
Se sente
Na gaiola.

Quando
Uma rocha
Morre
Ela não
Precisa
Se enterrar

O fio
É
Uma linha
De ruptura.

Tradução: Éclair Antonio Almeida Filho

(Leiam mais poemas do autor na edição de maio da Zunái.)

6 comentários:

  1. Malcolm de Chazal (1902-1981), pintor, escritor e visionário. Nasceu nas Ilhas Maurício, numa família de origem francesa. Estudou Engenharia na Louisiana State University, e trabalhou como agrônomo e funcionário em Telecomunicações. É autor da obra Sens-Plastique, que consiste numa série de centenas de aforismos e pensamentos, e ainda de uma obra em vários volumes intitulada Pensées.

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  2. Celso Vegro16.4.10

    Prezado Prof. Claudio Daniel
    Há uma beleza e uma perfeição nos versos desse agrônomo. A dialética dos vocábulos somados harmonizam-se e surpreendem. Formidável o autor. Com sua permissão, e sem menosprezo aos demais poetas aqui postados, esse tipo de poesia me soa muito mais atraente e curiosa.

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  3. Claudio, muito bom... Bem filosófico: "A lógica / Nunca / Se / Raciocinou".

    Me lembra uma passagem do Tractatus: a frase diz o mundo, só não diz o que deve ter em comum com o mundo para poder dizê-lo.

    Gostei bastante, aguardo mais na Zunái.

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  4. Olá, vc saberia me dizer se o sens-plastique foi traduzido para o português?

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  5. Anônimo25.10.11

    Leti, conheço apenas as traduções do Malcolm de Chazal que saíram na Zunái. Talvez em Portugal tenha saído algo em livro.

    Abraço,

    Claudio

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  6. "As palavras
    Desde
    Tempos
    Imemoriais
    Procuram
    Sua
    Significação."

    E no meio estamos nós, tentando nos esconder nelas...

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