IDADE DAS PALAVRAS
inventei alegorias, palavras cobrindo
sublavras: eram metáforas quando meus
dados canataram o rosto de meu retrato
e concebi o lúmen atravessado por silêncios.
A OUTRA HISTÓRIA
há palavras diante do império dia após dia.
sob a veia da língua há lâminas:
são histórias repartidas.
HORAS DE SOL
sol até ao mergulhar da cidade desmedida
que assassina a alegria em cada voo
onde todos os pássaros estrangulam as asas.
OUTRA HISTÓRIA PERFEITA
crescem mãos secretas enquanto morrem ilhas
por cantar com o cio dos séculos: agora
as ilhas são mesas onde os lobos vão comer.
(Poemas do livro Idade das Palavras. Luanda: Coleção A Letra, 1997)
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
João Maimona é um dos principais renovadores da poesia angolana a partir da década de 1970. Deixando de lado a retórica política de cunho stalinista, que tanto mal fez às literaturas africanas de língua portuguesa, Maimona investiu na força semântica das palavras e na estranheza imagética e sintática. Ele é talvez a principal referência das gerações mais novas de poetas angolanos. As peças mostradas aqui fazem parte do livro "Idade das Palavras", que revela a influência da síntese e concisão do haicai japonês (que também influenciou outros autores angolanos, e em especial David Mestre).
ResponderExcluirMuito bom! Obrigada por este post!
ResponderExcluir