sábado, 27 de novembro de 2010

POEMAS DE ADONIS (IV)

ÁRVORE DA MANHÃ

Encontra-me ó manhã no campo do nosso desespero

no caminho ao nosso campo de desespero

árvores secas quantas vezes prometemos

tornarmo-nos dois leitos duas crianças à sombra seca das árvores secas

encontra-me viste os ramos? ouviste o apelo dos ramos

ao deixarem palavras à sua seiva?

palavras-reforço aos olhos

palavras-força a fender rochas

encontra-me encontra-me

como se nos encontrássemos e tecessemos a treva

e nos vestissemos e viessemos batessemos à sua porta

soerguessemos a cortina e abrissemos suas janelas

e nos recolhessemos nas entranhas

dos troncos e implorassemos com nossas pálpebras

e escanceassemos

a ânfora do sonho e das lágrimas

como se ficassemos

no país dos ramos e perdessemos o caminho

da volta

Tradução: Michel Sleiman

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