segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

NOVOS POETAS BRASILEIROS (XXXIII)


Os olhos de mim
janelas de um mundo outro
vejo o dentro
espaço fecundo
pertencente ao interno
céu profundo

Lá fora dizem as luzes
de tudo o que não me importa
o sem-sentido
em que não me confundo
Falam os olhos de mim
de uma esfera de segundos

tornados milênios
perdidos num tempo
secreto, íntimo, profuso

Melhor assim
os olhos de mim
cegos ao escuro

* * *

DANÇA-pulso
fulgor
busca evanescente
em ritmo e cor

nos traz de longe
do deserto da fome
da morte ensinada
das portas da culpa
da ausência autoproclamada

dança
poema do corpo para a alma

Poemas de Rosane Carneiro, do livro Corpoestranho (Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2009.

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