segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

POEMAS DE GOETHE (I)


CANÇÃO DO REI DE THULE

Houve um rei de Thule, que era
mais fiel do que nenhum rei.
A amante, ao morrer, lhe dera
um copo de oiro de lei.

Era o bem que mais prezava
e mais gostava de usar:
e quanto mais o esvaziava
mais enchia de água o olhar.

Quando sentiu que morria,
o seu reino inventariou,
e tudo quanto possuía
menos o copo, doou.

Depois, sentando-se à mesa,
fez os vassalos chamar
à sala de mais nobreza
do castelo, sobre o mar.

E ele ergue-se acabrunhado,
bebe o último gole então
e atira o copo sagrado
às ondas que embaixo estão.

Viu-o flutuar e afundar-se,
que o mar encheu de seus ais.
Sentiu a vista enevoar-se
E não bebeu nunca mais!

Tradução: Guilherme de Almeida

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