sábado, 20 de dezembro de 2008

CONFISSÕES INCONFESSÁVEIS

Conheci Regina no jornal Diário Popular, em 1990, onde eu trabalhava como revisor de textos. Na época, morava sozinho num velho apartamento do Bexiga e escrevia meus primeiros poemas “sérios”, que depois publiquei em meu livro de estréia, Sutra, que saiu dois anos depois. Eu gostava de ouvir jazz, freqüentava cineclubes, bares e livrarias que não existem mais e imaginava que, após escrever minha obra-prima, morreria aos 32 anos, quem sabe num atentado terrorista ou na queda de um Boeing 707 sobre as ilhas Fidji. Mas eu me apaixonei por Regina, e fomos morar juntos dois meses depois que nos conhecemos. Ela me mostrou várias coisas que eu não conhecia, como a cultura indiana; outras, descobrimos juntos, como a culinária escandinava, os filmes de Peter Greenaway e a pintura de De Chirico (andávamos feito loucos, indo a museus, restaurantes, cinemas, parques, centros de meditação e fazíamos amor quase o tempo todo). Ela revisou e diagramou os poemas de Sutra, e de lá para cá sempre acompanhou tudo o que escrevi; é a única crítica literária que levo realmente a sério, pois todas as suas observações foram pertinentes, inclusive as negativas. Os meus livros não seriam o que são sem a leitura atenta e paciente dela. Discordamos em música; ela ouve MPB, eu gosto de ópera, mas nada é perfeito. Fizemos em parceria a minha (nossa) melhor obra, chamada Iúri, que já tem oito anos. Em todo esse tempo de convivência, é óbvio que surgiram crises e atritos: não é possível conviver com um ser humano sem altos e baixos. Mas, se superamos tudo, é porque essa convivência não é apenas necessária, mas vital. É uma razão de estar vivo. Após 18 anos de união, tenho certeza de que estaremos juntos pelos próximos 81 anos.

3 comentários:

  1. Comovente declaração. Parabéns ao casal, digo, ao trio. Aguardarei outra declaração no octagésimo primeiro...
    Felicidades.

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  2. Que bela declaração Claudio, e que bela Musa!
    Ouvir/dizer/ler palavras como estas, faz sempre tão bem...
    Parabéns!
    Abraços.

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  3. Uma bela história de AMOR (vital), cujo fruto Iúri a fez mais bela ainda, formando uma FAMÍLIA que é o de mais importante nesta vida. Um abraço, Armando - fetichedecinefilo.blogspot.com (recomentarios.blogspot.com)

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