sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

CONFISSÕES INCONFESSÁVAIS


Caros, estou acabando de escrever minha dissertação de mestradoA estética do labirinto: barroco e modernidade em Ana Hatherly, que defenderei no final de abril, na USP. A pesquisa para desenvolver esse trabalho foi exaustiva, mas fascinante: o estudo aprofundado da obra de Ana Hatherly, e em especial os seus ensaios (A experiência do prodígio, A casa das musas, O ladrão cristalino), e ainda de autores como Gustav Hocke (O mundo como labirinto), Johan Huizinga (Homo ludens) e Affonso Ávila (O lúdico e as projeções do mundo barroco) acrescentaram muito à minha visão da cultura e do mundo.

Estou praticando uma arte marcial japonesa, o Aikidô. Fiquei encantado com essa técnica, que não é apenas uma forma de combate, mas também um exercício mental e espiritual, que me deixa mais relaxado, seguro, tranqüilo, ainda que vivendo numa fase turbulenta. Assim como no Tai Chi Chuan (outra arte marcial que pratico, esta de origem chinesa), o principal inimigo a ser derrotado é a nossa mente, que cria o medo, o ciúme, a inveja, a cólera e outras emoções negativas. São formas de luta contra nossos demônios internos: meditação em movimento.

Comecei a escrever um poema longo, chamado Letra negra, que divulgarei em breve aqui na Pele de Lontra. É uma experiência bem diferente (acho) de meus textos anteriores; apesar da aparência de lirismo e subjetividade, há um diálogo com o pensamento científico, e em especial com Werner Heisenberg e autores mais recentes, cuja visão da realidade é similar à dos antigos filósofos chineses. Porém, não vou dar pistas de leitura: o autor não é a pessoa mais indicada para decifrar os seus próprios textos.

Não sou mais o diretor da Casa das Rosas. Nos seis meses em que ocupei o cargo, colaborei para a realização do Simpósio de Poesia Contemporânea (Simpoesia 2008), que reuniu 50 poetas de todo o país para recitais e debates, numa parceria com a Universidade de São Paulo; organizei o ciclo Poesia dos Quatro Cantos, com apresentações poético-musicais de autores árabes, coreanos, judeus e irlandeses; o ciclo Poetas de Cabeceira, com palestras sobre Manuel Bandeira, Vladimir Maiakovski, Augusto dos Anjos e Federico Garcia Lorca; a série Pluriversos, caminhos da poesia brasileira contemporânea; o Café Filosófico e diversas outras ações inovadoras na programação da Casa, além de dar continuidade a eventos já tradicionais, com destaque para o Hora H, homenagem anual à memória do poeta Haroldo de Campos. Agora, estou em busca de outras atividades, para fins de sobrevivência; aceito sugestões.

Ah, sim, a edição de fevereiro da Zunái está saindo do forno e apresentará uma exposição virtual de Guto Lacaz, entrevista com Maria Esther Maciel, depoimento de Aurora Bernardini, texto-manifesto de Rodrigo Garcia Lopes, ensaios de Raul Antelo e Victor Sosa, traduções de Han Shan, Issa Kobayashi, Ungaretti e Dylan Thomas, entre muitos outros acepipes, aguardem.
OM TAT SAT,
CD

7 comentários:

  1. Era Diretor da Casa das Rosas? Eu nem sabia. Que trabalhão!

    Que tal dar aula numa universidade?

    Mas perala. Você é bom, saberá o que fazer. Em texto, claro. Editor de Caderno de LIteratura é uma.

    Se bem - paralelo - podia dar aula dessas artes japonesas num parque...Isso , de graça! E com graça!

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  2. Anônimo30.1.09

    Rose, é verdade, após obter o título de mestre, poderei dar aulas numa universidade; a questão é como sobreviver até lá... quanto a ser editor de cultura num jornal diário, bem, se você for amiga do Frias ou do Mesquita e quiser me indicar, agradeço desde já. Dar aulas de Aikidô, só quando eu for faixa-preta, e deve demorar de cinco a oito anos, mais ou menos, para isso... beso do

    CD

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  3. Cld, o que quer dizer OM TAT SAT?

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  4. Você vai conseguir um bom trabalho. Fé.

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  5. Ana, é um mantra védico, em sânscrito; traduzindo literalmente, "a Verdade Absoluta é tudo o que existe". Essa fórmula é recitada em rituais hindus e geralmente aparece no final de alguns textos sagrados. Beso,

    CD

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  6. que coincidência ler isso: ainda hoje eu estava vendo a tradução que ela fez do sacher-masoch (a vênus castigadora).

    em tempo, sua galeria é maravilhosa.

    denise

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  7. Denise, não conheço a tradução que a Ana Hatherly fez de Masoch, mas deve ser interessante. Abraço,

    CD

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