segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

UM POEMA DE GREGORY CORSO



SOL
(poema automático)

Sol hipnótico! sagrada quase eterna esfera! taça em chamas! balbuciar do dia!

Sol, solar teia de calor! seca taça tropical! sede aracníde! Sol, nãoágua!

Sol miséria sol ira sol doença sol morte sol podre sol relíquia!

Sol baixo e torto sobre o céu africano, derramado quase vazio, ampola oca, osso do   sol, pedra do sol, sol de aço, relógio de sol.

Sol dinossauro do elétrico movimento extinto e fossilizado, balbucie!

Sol, temporada das temporadas, pegar o verdadeiro peixe solar, na verde costa tomando sol como loucura.

Sol eros infernal superreal conglomeração de ira miasmática!

Sol, seres do pôr do sol chocados na desértica vida, cai!

Sol circo! tenda de hélio, apolo, rá, sol, sun, triunfem!

O sol como uma fumegante nave caiu no lago Teliphicci.

O sol como um fumegante disco gelatinoso escorreu pelos alpes Telephiccianos

O sol comanda a noite e segue a noite e comanda a noite.

O sol pode ser conduzido por uma carruagem.

O sol como um fumegante pirulito pode ser chupado.

O sol tem a forma de um dedo curvo que te chama.

O sol gira anda dança foge corre.

O sol favorece a cítrica palmeira de tuberculosos pulmões

O sol engole o lago e alpes de Teliphicci a cada ascensão.

O sol não sabe o que é gostar ou não gostar

O sol toda minha vida caiu no lago Teliphicci.

Ó buraco constante onde tudo pra lá é verdadeiramente Bizantino!

Tradução: Matheus Carrera Massabki


Leiam mais poemas de Gregory Corso na edição de fevereiro da Zunái, Revista de Poesia e Debates.


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