domingo, 6 de janeiro de 2013

SERPENTINATA (I)






SERPENTINATA

Já que não desprezo nenhuma palavra,
encanta-me pergaminho
onde estranhos cães
da fala.


Nuvens de parietais
dizem a lavoura
obsessiva dos cutelos:


excessiva porque necessária,
investe mamífero mamífero
ante o lacerado pêlo púbico


— molusco esse desprezo
que se faz habitação.


A mobilidade das estruturas aquáticas
desorienta solidez de partículas,
(numeração da língua)
desentranhadas até o

ignorado.


Cresce nas axilas,
nos limbos, cremalherias,
nos estudos para voz:
é o seu inexorável destino.


Antiesquelética nebulosa
redefine o tempo e suas cavilações
no jogo permutatório
dos contrários.


(Estes são os meus instrumentos,
minhas paisagens estratégicas
para violar tuas orelhas,
tuas cavidades,


que se recusam à minuciosa
cabala de meu olhar.)


(Encanta-me tua letra, esqueleto de meu canto,
voz que acende estranhos cães.)


A revelação está na língua
que incita ao asbesto da orgia,
à mais temporária das peles,


quando vemos pégasos de outro sonho
e nossa incapacidade de laçá-los.
  

2013 

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