quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

PRISMA V


lêmures / lavoram / lúnulas, / recrocita / labirinto / (abismo) / (de espectros). / esta porta / que se abre, / prosa / de corvos, / esta porta / que se fecha, / rosa / de répteis, / não há caminho, / tudo é caminho; / flor de abril / escurece / relógios / até dessangrar / a anã / em tropismo / de lacraias. / tudo / é um jogo / amargo / como saltar / os ossos, / piscar / palavras, / traçar / na pedra / sub-reptício / urro / (para ver) / (o mistério) / (que há no mundo) / (e em mim). / entre fetos / e rudimentos / de búfalo, / entre cristais / e um agudo senso / de coágulo, / abolir / o peixe / numa agrimensura / de enigmas. / cristal negro, / seio negro, / lua negra, / restilo / de piçarras: / tudo / o que escrevo / tudo / o que escavo / tudo / o que escuto / tudo / o que escarro / tudo o que esqueço / me deslinda, / desatina, / desafina, / desarvora, / desenflora, / entre amarelos /e lanugens, / entre larvais / e mentais, / entre o que / pensa / e o que / sente, / entre o que / mente / e o que / muda, / entre o que / canta / e o que / encanta, / entre / mundo / e nada.
2008
(Poema do livro Fera Bifronte.)

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