quinta-feira, 13 de maio de 2010

CRÔNICAS DE LISBOA (II)

Caros, cheguei em Lisboa no dia 05 de maio para participar do II Festival Tordesilhas, Poetas de Língua Portuguesa, que aconteceu na Casa Fernando Pessoa, com apoio da embaixada brasileira. Fiquei hospedado num hotel localizado próximo ao Parque Eduardo VII, onde aconteceu uma feira de livros a céu aberto, a poucos metros do Jardim Botânico. Claro que visitei os estandes da Assírio e Alvim, Relógio de Água, Cotovia e outras editoras portuguesas que publicam livros de poesia. Comprei as obras completas de Fiama Hasse Pais Brandão, Al Berto, alguns volumes de Wenceslau de Moraes e vários outros títulos interessantes, que mais tarde comentarei com vocês. Logo no primeiro dia de viagem visitei o Mosteiro dos Jerônimos com a poeta brasileira Ana Ramiro, que reside em Lisboa. Confesso que a visita a esse mosteiro, uma construção do século XVI projetada pelo arquiteto Diogo de Torralva, foi a experiência estética mais intensa que vivenciei até hoje, só comparável (talvez) às óperas de Wagner e à arte da esgrima japonesa. O mosteiro, construído por D. Manuel como símbolo da aliança entre o poder temporal e o religioso, deveria abrigar as tumbas dos reis portugueses, como D. Sebastião, mas ao longo do tempo recebeu os restos mortais de poetas como Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, do escritor Alexandre Herculano e do navegante Vasco da Gama, que descobriu o caminho marítimo para as Índias, atravessando o Cabo das Tormentas. O Mosteiro dos Jerônimos pertence ao período manuelino, mas já antecipa o barroco com suas abóbadas polinervadas e todo um excesso visual que causa uma sensação de deslumbramento (ao contrário da austeridade medieval da Catedral da Sé de Lisboa, que segue um estilo de transição entre o românico e o gótico). É uma arquitetura que fala aos sentidos de maneira quase alucinatória. Suas escadarias, colunas, câmaras e múltiplas passagens sugerem as trilhas de um labirinto. Percorrer várias vezes esse complexo arquitetônico, perder-se nele e não desejar encontrar a saída é uma experiência estética única.

Um comentário:

  1. Anônimo24.10.10

    Claudio,

    Sua descritiva sensação do mosteiro, datia um poema!

    Beijos.

    ResponderExcluir