sábado, 25 de julho de 2009

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR...

Caros, há poucos dias escrevi, respondendo ao comentário de um leitor, que “procuro usar o espaço da Pele de Lontra para divulgar o trabalho de autores novos, que em geral nunca serão resenhados na seção Rodapé da Folha de S. Paulo. Isto não quer dizer que eu deseje unanimidade (que é sempre burra, como dizia Nelson Rodrigues). Acho importante abrir espaços de discussão na mídia alternativa, como a internet, para que possamos analisar criticamente, de modo argumentativo, a produção dos mais novos. É isto o que se espera da crítica séria: critérios de escolha e argumentação. E justamente isso é o que falta nos cadernos culturais da imprensa diária, que apenas louvam os nomes consagrados pelo establishment rumoroso e silenciam em relação aos demais. É contra isto que eu sempre lutei e continuarei lutando, aceitando pagar o preço pela dissidência”. Nesse mesmo comentário, feito a respeito da publicação de um poeta jovem aqui no blog, disse, mais adiante: “Voltando a tuas mensagens, são sempre bem-vindas, escreva quando quiser. Sempre aprovo mensagens críticas quando sei que são sinceras e sem intenção agressiva; as poucas mensagens que recusei publicar até hoje eram ofensivas. Discussão de idéias é outra coisa, e a Pele de Lontra sempre esteve aberta a isso”. Recupero este texto para responder a outro leitor, inclusive para desculpar-me pelo tom talvez um pouco emocional de minhas respostas. Às vezes, no calor da discussão, podemos exagerar um pouco no uso das palavras, o que, claro, é perdoável, de parte a parte, quando nos animamos muito com o tema discutido. Porém, quero deixar bem claro que não fico chateado se alguém escrever algo diferente daquilo que penso, nos comentários aos posts, desde que haja respeito, sinceridade e argumento. Escrevam discordando de mim, por que não? Como dizia o Millôr Fernandes, “livre pensar é só pensar...”.

Há braços,

CD

2 comentários:

  1. muito pertinente essa discussão. É importante que um poeta como vc, que pode se considerar um "consagrado" dê esse espaço para poetas sem espaço. o fato é que muitos desses poetas, e eu me incluo nesso rol, resolveram a questão de como fazer circular sua produção com a internet, embora continuem sendo completamente ignorados pelo "establishment rumoroso", como vc bem diz. É como se a publicação em livro conferisse qualidade ao poeta. Conheço centenas de péssimas publicações de poesia em papel e conheço inúmeros excelentes poetas publicando na rede.

    Forte abraço! e visite-me...

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  2. Caro Fred, alguns dos poetas mais interessantes que tenho lido, nos últimos tempos, circulam apenas na internet, como a Camila Vardarac, do Rio de Janeiro; outros, publicaram um ou mais livros, como Eduardo Jorge ou Leonardo Gandolfi (e poderia citar dezenas de outros nomes), e nunca são resenhados na Folha, no Estadão ou outros jornais, que privilegiam autores consagrados, publicados por grandes editores, ou poetas
    novos apadrinhados pelo establhisment, de qualidade muitas vezes ruim. Este é um fato lamentável e que pouco ou nada tem a ver com literatura séria; diz respeito a influências políticas, que sempre são oscilantes. O que conta, porém, na minha opinião, é a QUALIDADE, o RIGOR, a INVENÇÃO. Poetas com trabalho sério de linguagem, que pesquisam novas formas e obtêm resultados consistentes podem ser boicotados, no início, mas vencem a luta no último round, e a nocaute.

    Abraço,

    Claudio

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