Hora vermelha, de
garras;
hora da gárgula;
hora da gárgula;
hora do grito;
hora da gárgula;
hora do grito.
hora do grito.
Hora vermelha, de
garras;
percorre linhas
das mãos, torso,
axilas, até a medula
espinhal; é gárgula.
Hora vermelha, de garras:
sua face rascante,
de ranhuras;
de ranhuras;
a língua eritrina;
demente desmundo.
Hora vermelha, de garras:
limosa, ruminante,
esfrega escamas
nos poros da noite
para alucinar-te.
Hora vermelha, de garras:
lambe teu membro,
rugosa melusina,
buceta-escarcéus:
acúmulo de vermes.
Hora vermelha, de garras:
acaso se
entremostraria
no esplendor
de coágulos?
Hora vermelha, de garras:
ferruginosa,
em adensamento
de guinchos.
É gárgula.
Hora vermelha, de garras:
acaso esfiapasse,
seu disfórico vestido
até a final
metempsicose?
Hora vermelha, de garras:
hora da gárgula;
hora do grito;
hora da gárgula;
hora do grito.
Eu sou tua gárgula;
você, meu pesadelo.
Poema inédito de Claudio Daniel, 2016
As horas de pertencimento das garras só sabe que foi apanhado em pleno voo por ela. Lindo poema querido professor de poesia e vida.
ResponderExcluirExcelente, Claudio, li e gostei muito. Os quadros se sucedem mas também se imbricam, palavra-labirinto. Tua poesia é única.
ResponderExcluir:)