sábado, 13 de junho de 2009

DIÁRIO DE UM VIAJANTE

Caros, estou no Rio de Janeiro, onde ficarei até domingo, participando do festival literário Artimanhas Poéticas, ao lado de Luiz Costa Lima, Paulo Henriques Britto, Virna Teixeira, Márcio-André, Leonardo Gandolfi e outras feras. Na volta, contarei as novidades. Lembrem-se de ler Paul Celan antes de dormir.
Besos,
CD

Um comentário:

  1. Anônimo14.6.09

    Sim, mas também Trakl, Hölderlin Krolow e Benn .

    E deixo uma tentativa de tradução, feita por mim, de um dos mais belos poemas de Celan.

    Luís Costa

    Abraço.

    PAUL CELAN: FUGA DA MORTE*

    Leite negro da madrugada nós bebemo-lo ao anoitecer
    Nós bebemo-lo ao meio-dia e de manhã nós bebemo-lo à noite
    Bebemos e bebemos
    Nós cavamos uma sepultura no ar aí tem-se mais espaço
    Um homem mora na casa ele brinca com as serpentes ele escreve
    Ele escreve quando escurece na Alemanha o teu cabelo dourado Margarida
    Ele escreve e sai de casa e as estrelas relampejam ele assobia aos seus mastins
    [para que se aproximem
    Ele assobia aos seus judeus para que se mostrem cavai uma sepultura na terra
    Ele comanda-nos tocai agora para que se dance

    Leite negro da madrugada nós bebemos-te à noite
    Nós bebemos-te de manhã e ao meio-dia nós bebemos-te ao anoitecer
    Nós bebemos e bebemos
    Um homem vive na casa ele brinca com as serpentes ele escreve
    Ele escreve quando escurece na Alemanha o teu cabelo dourado Margarida
    O teu cabelo em cinza Sulamita nós cavamos uma sepultura nos ares aí tem-se mais espaço


    Ele grita escavai cada vez mais fundo no solo vós esses vós outros e tocai
    Ele tira o ferro do cinto e brande-o os seus olhos são azuis
    Espetai cada vez mais fundo as enxadas vós esses vós outros continuai a tocar
    para que se dance

    Leite negro da madrugada nós bebemos-te à noite
    Nós bebemos-te ao meio-dia e de manhã nós bebemos-te ao anoitecer
    Nós bebemos e bebemos
    Um homem vive na casa o teu cabelo dourado Margarida
    O teu cabelo em cinza Sulamita ele brinca com as serpentes
    Ele grita tocai docemente a morte a morte é um mestre da Alemanha
    Ele grita tocai sombriamente os violinos então subireis como fumo aos ares
    Então tereis uma sepultura nas nuvens aí tem-se mais espaço

    Leite negro da madrugada nós bebemos-te à noite
    Nós bebemos-te ao meio-dia a morte é um mestre da Alemanha
    Nós bebemos-te ao anoitecer e de manhã nós bebemos e bebemos
    A morte é um mestre da Alemanha o seu olho é azul
    Ela acerta-te com balas de chumbo ela não falha
    Um homem vive na casa o teu cabelo dourado Margarida
    Ele açula os seus mastins contra nós ele oferece-nos uma cova no ar
    Ele brinca com as serpentes e sonha a morte é um mestre da Alemanha
    O Teu cabelo dourado Margarida
    O teu cabelo em cinza Sulamita


    * "Fuga" aqui em sentido musical

    Origem do poema aqui traduzido:
    Paul Celan: "Mohn und Gedächtnis", mit einem
    Nachw. Von Joachim Seng. - DVA, 1. Auflage März 2000.

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