sábado, 2 de maio de 2009

UM POEMA DE BRUNO LOPES

De meus dedos, um pedaço de pedra,
o calor da terra
aquecendo o pensamento —

uma drágea escondida na lua
ruminando o travo,
o encordoamento da lua na cabeceira do quarto

um quadro de lembranças,
as palavras mordem

o pequeno poema coagulando,
endurecendo as orquídeas de pedra

como soprar as velas dos barcos
sobre um bolo celeste —

o chão feito de sal;

a fertilidade pálida da lavoura

a indecência da aurora
com suas aves feitas de lama

e suas crias cobertas com desejo,
asco
e a fatia mínima do inconsciente —

o tremor dos dedos
incorrendo sobre os portões dos lábios,
sobre o alfabeto incapaz do pensamento

2 comentários:

  1. um tremor na crina
    eriçado, arriscado movimento

    cena-dupla-sina
    serrado corte na superfície do calor

    calar entre a distância da mão
    e de casa(mãos fechadas)
    afonso alves

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