sábado, 12 de outubro de 2024

O AZUL

 


 










Para Claude Monet

 

lago de azul-opiário-azul-equinócio azul

mais azulino azul //

azul não azul-ferrete

azul não azul-da prússia

azul em tons

de turquesa-azul

(azul em tons

de malaquita-azul)

nas folhas de galhos inclinados

nas folhas de galhos

desmanchados

em explosões de azul //

nenúfares, borrões

de azul-azul //

nas pupilas do inseto

que vê: ninfeias, ninfas

e nuvens

em borrões de rosa

e azul

em borrões de branco

e azul //

moças sentadas no barco

são moças de água

moças-flores tingidas

do mais profundo azul //

olhos, folhas, barcos e flores

em nuances de cor

olhos, barcos, folhas e flores

refletidos nas pupilas 

do mais profundo azul //

(líquida pantera subaquática

irrompe súbito na tela) //

tudo que existe afinal

são múltiplas variações cromáticas

do mais profundo azul.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024