sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

UM POEMA DE JÚLIO CASTAÑON GUIMARÃES



HORIZONTE          

a janela enquadra
quase ao pé
um jardim
uma faixa de areia
e adiante
um lance de mar
e ainda além
um trecho de terra
que antecipa
uma linha de montanhas

a janela (não) enquadra
o ar maculado
(escórias escárnios)
o estertor dos músculos
acionado pelo trânsito dos ruídos
a tensão de ofensas ascos
lacerações (acúmulo
de escombros)

entre o que a janela
e o que não
toda uma vida (oculta)
relances limites
algumas disposições
nesgas de perspectivas
traços de razão

sim o que insistente
degrada o quadro
é tudo tudo
menos
este crespo cansaço e talvez
a música de sua imaginação 

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