Pedras queimadas
na crueza
do abandono
tuas disformes formas
marcadas
a cutelo.
Pele dispersa
arroxeada
de corpo inânime
esfiapada
entremostrada
em febras
de açougue.
Despejada
na lama,
como detrito:
um aviso
do quebra-ossos
para que ninguém
reclame.
Mundo
desmundo
de mortes
emudecidas
onde olhos
se fecham
para o flagelo
mais cegos
que a noite
mais cegos
que a morte
de indistintas
estrelas —
apenas os corvos
crocitam,
apenas os corvos
— cachorros do céu —
desenham,
com suas vozes
desconexas
a cena do mais
absoluto
horror.
do abandono
tuas disformes formas
marcadas
a cutelo.
Pele dispersa
arroxeada
de corpo inânime
esfiapada
entremostrada
em febras
de açougue.
Despejada
na lama,
como detrito:
um aviso
do quebra-ossos
para que ninguém
reclame.
Mundo
desmundo
de mortes
emudecidas
onde olhos
se fecham
para o flagelo
mais cegos
que a noite
mais cegos
que a morte
de indistintas
estrelas —
apenas os corvos
crocitam,
apenas os corvos
— cachorros do céu —
desenham,
com suas vozes
desconexas
a cena do mais
absoluto
horror.
Claudio
Daniel, 2016
(Francisca das Chagas Silva, dirigente
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miranda do Norte, no Maranhão, foi
assassinada a mando de fazendeiros da região, com requintes de crueldade: seu
corpo foi encontrado nu, com sinais de estupro, estrangulamento e perfurações.
“O simbolismo desta imagem, é do escárnio de como são tratadas as
reivindicações e a luta das mulheres para serem vistas, tratadas e respeitadas
na lei e na vida como seres humanos”, comentou Isis Tavares Neves, presidenta
da CTB-MA.)
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