sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

2015, ANO DE PERDAS E GANHOS



2015 foi um ano difícil para todos os brasileiros. Já comentei a situação política nacional em outra postagem neste blog (http://cantarapeledelontra.blogspot.com.br/2015/12/2015-o-ano-que-derrotamos-o-golpe.html), então farei aqui um breve balanço pessoal. O ano começou para mim sob os auspícios da conclusão de meu doutorado no programa de Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo – defendi minha tese, sobre o tema “A recepção da literatura japonesa em Portugal”, com orientação do prof. Horácio Costa, em dezembro de 2014 e ingressei no pós-doutorado já no início de 2015, no programa de Teoria Literária da Universidade Federal de Minas Gerais, com supervisão da profa. Maria Esther Maciel. Em 2016, meu desafio será ser aprovado em concurso público para lecionar numa universidade federal ou estadual. Fora do âmbito acadêmico, publiquei três títulos de poesia de 2015: Cadernos bestiais (volumes I e II) e Esqueletos do nunca, pela Lumme Editor, e Livro de orikis, pela Patuá. Os Cadernos reúnem poemas de caráter político que dialogam com o momento histórico em que vivemos, com timbre ora satírico, ora elegíaco, sem abrir mão do rigoroso artesanato de linguagem; Esqueletos é uma série de aforismos, ou poemas em prosa breves, de conteúdo autobiográfico; e o Livro de orikis é uma coleção de composições que homenageiam os orixás dos cultos afrobrasileiros, tema que pesquisei entre 2014-2015, em livros de Antonio Risério, Pierre Verger e outros autores, além da visita a terreiros de umbanda e candomblé e conversas com babalorixás (joguei os búzios com Pai Toninho de Xangô, que confirmou: sou filho de Oxalá e de Oxum). 2015 também foi o ano em que me iniciei na arte do kenjutsu, a arte da esgrima samurai, sob a orientação do sensei Ruben Espinoza. Eventos culturais em São Paulo sempre são estimulantes: apesar de minha crescente preguiça e insociabilidade, fiz questão de visitar as exposições de Kandinsky, no Centro Cultural Banco do Brasil, Frida Kahlo, no Instituto Tomie Otakhe, e de Pierre Verger, no Museu Afro-Brasil. A ópera Lohengrin, de Richard Wagner, apresentada no Theatro Municipal de São Paulo, e o filme Pasolini, de Willem Dafoe, que assisti na Reserva Cultural, completam esse pequeno panorama. Livros lidos e recebidos ao longo do ano foram inúmeros, mas seria impossível não citar Outro, coletânea poética de Augusto de Campos, Poesia antipoesia antropofagia & ca., reunião de artigos e ensaios do mesmo autor, e um livro mais antigo, mas que descobri e tive a satisfação de ler apenas em 2015: Arafat, o irredutível, biografia do líder da resistência palestina, escrita por Amnon Kapeliouk, jornalista do Le Monde, com prefácio de Nelson Mandela. A militância política foi intensa, em reuniões da Frente Brasil Popular, do Partido Comunista do Brasil e nos atos de rua em defesa da democracia e do mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff, contra as tentativas de golpe de estado em curso no país. Fiz questão, também, de estar presente nos atos dos estudantes secundaristas de São Paulo, contra o fechamento de escolas públicas estaduais pelo desgovernador Geraldo Alckmin (P$DB) – de longe, a pior gestão que já tivemos na gestão estadual depois de Paulo Maluf. No plano pessoal, terminei um breve romance de dois meses, que me deixou deprimido ao longo do ano, fiz novas amizades e soube cuidar de meu corpo e espírito, para resistir a todas as tentativas de destruição de minha paz interna. No final das contas, 2015 foi um ano terrível, sim, mas com perdas e ganhos consideráveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário