quarta-feira, 12 de setembro de 2012

HENRY MILLER, CENSURADO 50 ANOS DEPOIS


Olá, censor! Agradeço por sua visita ao meu mural no Facebook! Notei que você não apreciou uma foto do escritor norte-americano Henry Miller que publiquei aqui, confundindo um documento histórico com pornografia, e acredito que isso se deva à sua ignorância em relação à arte e literatura (caso contrário, jamais exerceria o infame ofício da censor, alimentado por outra atividade não menos desprezível, a do delator). Para evitar que você passe vergonha censurando outras imagens e textos de valor artístico, sugiro que, antes de aplicar a pena autoritária do bloqueio a algum usuário, procure conhecer um pouco mais sobre o que choca a sua finíssima sensibilidade. Em relação a Henry Miller, que você desconhece (sugiro que leia os romances dele, como Trópico de Câncer), publico aqui trechos da Wikipédia, para você tomar conhecimento, por mínimo que seja, desse consagrado escritor norte-americano. Leia, censor! Não existe pior prisão do que a da ignorância.  

"Henry passou sua infância na Avenida Driggs em Williamsburg, Brooklyn, Nova Iorque. Mais tarde em sua juventude, era ativo no Partido Socialista (seu ídolo era o socialista negro Hubert Harrison). Tentou vários tipos de serviços e, por curto período, frequentava aulas no City College of New York. Tanto em 1928 quanto em 1929, passou diversos meses em Paris com sua segunda esposa, June Edith Smith (June Miller). Se mudou sozinho para Paris no ano seguinte, onde morou até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Ele viveu em condições precárias, dependendo da benevolência de amigos, tais como Anaïs Nin, que tornou-se sua amante e financiou a primeira impressão do Trópico de Câncer em 1934.

O livro sofreu dificuldades de distribuição, sendo banido em alguns países sob a acusação de pornografia. No outono de 1931, Miller trabalhou na Chicago Tribune (edição parisiense) como revisor, graças a seu amigo Alfred Perlès que trabalhou lá. Miller obteve a oportunidade de apresentar alguns dos seus artigos sob o nome de Perlès, desde que somente a equipe editorial era autorizada a publicar no jornal em 1934.Seus trabalhos relatos detalhados de experiências sexuais e seus livros trouxeram muito a discussão livre de assuntos de cunho sexual, na literatura norte americana, partindo tanto de restrições legais e sociais.

Ele continuou a escrever romances que foram banidos nos Estados Unidos sob acusação de obscenidade. A maior parte de sua obra gira em torno de sua segunda esposa June Mansfield. Em especial a trilogia Crucificação Encarnada. O casal se separou em 1934. Henry voltaria a se casar outras vezes. Durante a Segunda Guerra Mundial voltou para os Estados Unidos. Passou a ser um escritor prolífico e obteve grande sucesso após a liberação de suas obras na década de 60. Um memorial dedicado a sua obra é mantido em Big Sur, Califórnia, onde morou de 1944 a 1962. O governo Brasileiro proibiu a venda da tradução de Trópico de Câncer na década de 70, porém o livro permanecia sendo vendido no original em inglês. Otto Maria Carpeaux seria um responsável pela divulgação e reconhecimento literário das obras de Miller no país."

2 comentários:

  1. Anônimo15.9.12

    Claudio Daniel,
    Gostaria de tecer alguma crítica ao q aqui foi publicado e espero q ela seja recebida de forma construtiva.
    O modo pelo qual a foto de Miller foi tratada de certo modo uma sacralização da figura do artista, convertendo os objetos a ele referentes em reliquiário(a discussão de Duchamp???). Substitua o Sr. Miller, quem por sinal explorou este amálgama q a arte se investe na obra, por algum desconhecido: o conteúdo se tornará "pornográfico"? Peço desculpas se de alguma forma estou sendo ofensivo, mas se trata de uma postura conservadora !!
    Há diferenças entre a "repulsividade" da pornografia e a altivez do erotismo: a meu ver, obviamente não.
    Neste sentido expôs, ontem, Jorge Coli, (sim, aquele q no rio foi brutalmente censurado pela ABL, tratando o caráter insurgente da pornografia). Assim, parafraseando Alain Robbe-Grillet, como o fez Coli,: "A pornografia é o erotismo dos outros.".

    Abraços,
    Gabriel

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  2. Caro Gabriel, se a imagem de Miller fosse trocada pela de um desconhecido, deixaria de ser um documento histórico, pertencente ao arquivo de um grande escritor norte-americano, e seria uma simples foto erótica, a meu ver em nada ofensiva. A diferença entre erotismo e pornografia é em grande parte subjetiva; em minha opinião, no erótico há mais refinamento estético, e no pornográfico, maior apelo comercial e uma caricaturização do sexo. De todo modo, o tema desse post é outro, a censura no Facebook, e o meu repúdio a ela.

    Abraço,

    Claudio

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