segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NOVOS POETAS BRASILEIROS (II)

É um cristal ou melhor: cristalização. Quase. Uma estrela

Do mar, na ponta de cada tentáculo

Dentes, de lobo: animal faminto

Devorando as bordas

Do mundo.


Oito-Olhos no centro: aranha cravada no eixo

Do nada

Patas caçando

Um porto seguro

No vazio, raízes em expansão:


Pensar num besouro caído com o dorso

No chão quente: movimentos descoordenados no ar:

Membros de uma pessoa jogada do terraço de um arranha

Céu.


Tudo isso.


Um corpo que sente a vida ser criada

Apaixonadamente, como dor, feridas

Que se cristalizam, mineralizando-se:


Assim o desejo se cristaliza em poema.

Assim o lodo se cristaliza em história.

Assim o caos se cristaliza em cosmo.


Daniel Faria é historiador e poeta. Autor do livro O mito modernista, publicado pela EdUFU em 2006. Publicou o livro de poemas Matéria-prima, pelo projeto Dulcinéia Catadora em 2007. Acaba de ser incluído na antologia Pequena cartografia da poesia brasileira contemporânea, organizada por Marcelo Ariel e editado pela Caiçaras. Escreve no blog linguaepistolar.blogspot.com

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