(Cadáver delicado)
FloresLambemFogo de Marte aquecem nossos
horizontes de um azul cloro de piscina amarelo cinza e prata esverdeado.
O arco- íris das opalinas abraça horizonte.
Vítreas úveas avistam lápis- lázulis celestes sobre
grande mar : veredas
Excretam-se poemas
em náuseas estonteantes
contrações uterinas
o êxtase mãe-terra.
Da vida que
dói
verso
marginal.
estrofe interna.
rima
incerta.
vulva pulsante.
É o amor. Crescem as paredes catóptricas de seu
cárcere. De nada me servirão os xamãs, o aprendizado da poiesis, meu pequeno
astrolábio, e o último grito de Zaratrustra.
Pedras sob o mar
alimento de peixes
medonhos loucos
da memória de voar.
O olhar rubro-fogo
tranças chovidas nos ombros
narinas em labaredas
pronto para um beijo.
A lua perdida no escuro. Soturna é a tristeza dos
satélites em débeis novelos
pulsando crateras.
Colhe-me no desvão das horas porque o resto é caos.
Racha rocha nunca sonho
cada som volteio casa
Rose Rosa sempre Rosa
tanto tudo tonto nada.
Nas brenhas de um silêncio tão voraz.
Mergulho de ponta-cabeça
Na cabeça solitária, crescem musgos
heras selvagens saem dos ouvidos e se banham no
lago
a língua toca vulvas que se abrem para a floresta
densa
nela, formigas fazem suas travessias de chuvas
O azulejo amargo
O verde já desbotado
Lá vem menos um
Corpos que também se engolem.
Riso, raio, travessia
estrela ao meio dia
chove no esmalte
manicure liberta cutícula.
Matéria escura e crua nos jardins.
(Cadáver delicado do qual participaram os poetas e escritores Jorge Amâncio, Márcia Tigani, Sílvia Pereira, Noélia Ribeiro, Paulo Marcelino, Beth Guedes, Isadora Salazar, Edir Pina de Barros, Isa Corgosinho, Márcia Frigg, Sidnei Olívio, Marli Fróes, Nara Fontes, Maria Marta Nardi, Lucas Nogueira e Liana Timm)