sábado, 4 de setembro de 2021

A FARSA TRÁGICA DE BOLSONARO

 


 






Claudio Daniel

 

Jair Bolsonaro sofreu uma série de derrotas políticas nos últimos meses. Sua popularidade caiu para menos de 25%, o menor índice desde a sua posse, e todas as pesquisas de opinião apontam para aa vitória de Lula nas eleições de 2022. O ex-capitão afastado do exército por incapacidade mental e tentativa de ato terrorista foi derrotado na Câmara dos Deputados, com a rejeição de sua proposta de volta do voto impresso; foi derrotado no Senado, que recusou a nova reforma trabalhista e o pedido de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes. A instalação da CPI no Senado tem apontado sucessivas irregularidades em sua gestão, que podem levar à votação do impeachment. Novas denúncias de corrupção envolvendo sua família têm destaque nas manchetes dos jornais e seu filho Carlos teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. Acuado, o Napoleão de Hospício, que não consegue nem impor o seu candidato "terrivelmente evangélico" para uma vaga no STF,  convoca seus apoiadores para uma marcha fascista no dia 07 de setembro, radicaliza seu discurso de ruptura institucional, inclusive com ameaças de fechamento do STF e do Congresso, em novo golpe militar. Porém, a situação não é tão favorável ao palhaço Bozo de Brasília: entidades representativas de banqueiros e industriais, como a FEBRABAN e a Fiesp, divulgam manifesto em apoio à democracia, e até setores do agronegócio fazem o mesmo. O governo norte-americano, a ONU e a OEA expressam a sua preocupação com os rumos da democracia no Brasil e cresce a insatisfação popular, com reajustes brutais nas contas de luz e gás, no preço do litro de gasolina – R$ 7,00, contra os R$ 2,50 da época de Dilma – e a ameaça de novo apagão energético, no país com mais recursos hídricos no mundo. Para não passar vergonha, peala inevitável comparação de sua marcha fascista com os protestos chamados pelos movimentos sociais e partidos de esquerda, cada vez mais massivos em todas as capitais do país, Bozo pretende inflar seu ato em Brasília com policiais militares e membros das Forças Armadas – o que contraria a lei --, o gado evangélico, caminhoneiros e setores ideológicos alinhados com o bolsonarismo. Caso a marcha fascista fracasse, e a esquerda consiga reunir mais pessoas nos protestos, sua fraqueza se revelará ainda mais profunda, encurtando o caminho para o impeachment. Caso consiga multidão suficiente para postar fotos no Instagram, o que mudará na conjuntura política brasileira, a partir do dia 08 de setembro? Possivelmente, nada. Um golpe de estado só acontece quando as Forças Aramadas estão dispostas a isso, com apoio do aparelho de Estado – Congresso, Judiciário – além da grande imprensa , de parcela expressiva da população e do imperialismo norte-americano. Este quadro não existe hoje. Entre aas consequências possíveis do ato de 07 de setembro, estão o fracasso, a vergonha e o desmoronamento da semiditadura de um Mussolini de fundo de quintal --  aliás, de quartel.

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