quinta-feira, 4 de outubro de 2018

DOIS POEMAS INÉDITOS DE CLAUDIO DANIEL
















FATA MORGANA

A estranha irmã viaja em púrpura
pincela céu de sóis tatuados.
Galhos amorfos; rumor de lagartos;
fungos e olhos espectrais.
Com a espátula-tiara de relâmpagos,
remove o rosto pálido das horas.
Desfaz a pedra e o grilo.
Afunda em jade negro pétala e pégaso,
páramo e pássaro, piano e (púbis) pústula.
Até o limoso escárnio do Insaciado,
unívoco, unívoro, uníssono.


ESCARAVELHOS

Escuro é o caminho onde nos encantamos.
Fragmentados em cenários evasivos,
acreditando em impossibilidades,
lapidamos escamas de serpente albina,
seara difratada onde todo amor coagula.
Somos lunares, aquosos, imprecisos;
ocorre que a música da pele incita ao jogo
de escaravelhos, à pureza do ácido
e da cicatriz.


Dois poemas escritos em 2007, que foram excluídos do livro Fera bifronte e permaneceram inéditos até agora, por motivos que desconheço.  





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