quinta-feira, 3 de março de 2016

POUSADA DA LUA


Águas leoninas espalhadas no azul.
Ela desnuda os seus mamilos:
percorre luas
vermelho-flamboyant
vermelho-tiês
vermelho-eritrino
vermelho-flamingo.
Ela é Toda-Lua:
luas-olhos, luas-seios
luas-pés.
Ela é Toda-Lua:
Enluaresce-me em lua leonina.
Filha de Oxum,
senhora do mel,
desliza nas águas,
filha das águas,
entre casuarinas
até o reluzir das alamandas.
Filha de Oxum,
teus rios leoninos
espalhados
em minhas mãos.
Quando ela dança,
seus braços voam
como pássaros.
Quando ela dança,
flores brancas nos cabelos,
desenha no espaço
o meu labirinto.
O mundo não faz sentido
sem os teus pequenos pés.
Miniaturais opalas se expandem
na beira do rio,
para dizerem teu nome.
Raio de sol rebrilha
na beira do rio,
em tua pele-de-lua,
falanges de leoa.
Eu me faço andarilho
para percorrer
teus arroxeados lábios,
cada cavidade, fenda,
fresta, frincha de deusa lunar
até me tornar o reflexo de teus passos.

Claudio Daniel, 2016

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