domingo, 4 de novembro de 2012

POEMAS DE ADRIANA ZAPPAROLI



  : BEATRIZ AIRADA


I

viagem ao congo no rosto de quem ---

há 7 molares.
há 7 escaras.
há 7 haras e cavalos-marinhos.
há 7 picadas de toxina botulínica

e uma melancolia que se arrasta
entre a congada...

que, muitas vezes, nem descreve
nada além do que passa
em conflito,

além da malhada, poesia, além dessa mutilada lírica;
dentro de órgãos complexos
--  olhos, ouvidos,
mãos e cérebros –


II
penumbra, que intersilencia
o estreito, em cama profunda.

no peito, esse medo, a pleura e um osso.
ser balanço, cabeça
e pescoço.

o esteio do pescoço... um toc.
o pânico perseguitório:
- até quando?


III
varizes em taças
dê sorvetes.

fachadas estreitas, de um mundo em conta-gotas,
de orvalho, florais e floreiras.

as olheiras do alho
desconectam esse dharma.

o convívio com o pensamento alheio:
rótula, mágoa e mandala.

a tacha em pássaro revolto:
- sua membrana celular...

IV

doenças e cabeça,
entre meadas, em casta de leite.

a cidra, pela manhã, bem cedo,
sussurra um sono ineficiente.

a mesma cisma, o aviso,
quase um apelo: - tente


V.
se o copo de vinho tinto:
energético em aversão

inibidores de recaptação
são serotoninérgicos.

os efeitos do insucesso,
o abuso, da opção: o risco.

VI

sibutramina, constipação, taquicardia
o aumento da pressão arterial.

na cortina de voal, um duplo-cego,
multicêntrico, um eco

redigindo os pensamentos temporários.

VII
medicamentoso:
o surto randomizado
cefaléia, o susto.

na esteatorréia das vozes
abrindo o ovo
de páscoa.

IX
ocupam-se dos neurônios
a noite, a boca seca
e o furo na parede.

ocultos, os vômitos
habitam a tinta,
a textura laranja,
a janela.

X
insônia, a influência estranha
da anfepramona em verso.

obteve êxito,
as paisagens em colchas,
o desenho do nariz

as entranhas de beatriz-
a louca airada,

num copo de suco.



COCATRIZ

enquanto, isto do outono por todo, lado-outro,

passiflórea, a menina  fazia a pergunta sobre a história, escrita em platibanda. ela trazia o terror em cócoras,

perseguido por orbiculares de Spathodea (campanulata) do rosto-balaustre

de lugares,  bem distantes ou por lá, isto do outono do lado-outro, onde a mente em cascata, é decoro é queixume em

palavra,
onde o mítico vem carreado de flores e hiatos

do fundo do seu anonimato, dum constante híbrido,
apesar do sincero tempo real em limbo, lâmina e pecíolo


na petrificação do basilisco...
entre em pessoa semente a olhando,


não.
tumultue o ambiente, regado a suco de flores,

e saia da frente do amontoado de unhas do polvo-gestante
de colmo de fruta, açafrão-de-outono e coleção de zumu de

um mundo impiedoso... e da pleura vista por dentro
e pelo entorno, escarra-ouro; não... ainda que se sin-

ta náusea,  logo na curva,  entre pérola e safira


reflita...

(Fragmento de Cocatriz, de Adriana Zapparoli)

2 comentários:

  1. Anônimo4.11.12

    obrigada claudio!

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  2. Anônimo11.11.12

    Anônimo 11.11.12

    Adriana Zappa...,
    The Mother of Invention!

    F. Slaviero

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