O poeta Abreu Paxe enviou-me um exemplar de seu último livro, O vento fede de luz, publicado em Luanda pela União de Escritores Angolanos, na coleção Guaches da vida. É um dos livros de poesia mais interessantes que já li nos últimos tempos. A força da imagem poética, os cortes sintáticos, a estranheza vocabular, a música dissonante, tudo na poesia de Abreu Paxe desconcerta os sentidos e a inteligência, fazendo recordar a frase de Mallarmé sobre o “poder encantatório das palavras”. Essa singularidade já estava presente no livro de estréia do autor, A chave no respouso da porta, publicado em 2003. No Brasil, infelizmente, ainda não foi publicado nenhum livro do autor, mas vocês podem conferir alguns poemas dele na Zunái e na antologia Ovi-Sungo, Treze poetas de Angola, que publiquei há algum tempo pela Lumme Editor. Confiram abaixo um dos poemas enigmáticos de O vento fede de luz:
a voz portas do silêncio
abrem-se específicas
portas o silêncio pavimentada voz
o presente denso couro
consome-se deitado entre telas asfálticas
sucessivas palavras ausentes
neste dia as estradas de luz é forma de comunicação
as constelações nas horas diurnas flutuações
só a matéria da passadeira
sentia nas mãos o vento feder de luz
nos pés do reinventado silêncio
era a única linguagem da matéria que possuía falando
Amigo Cláudio: é 'O vento fede de luz', a preposição é 'de', no título, mas por gralha ficou 'a'. Abraço.
ResponderExcluirCaro Francisco, já corrigi, sorry, grato, amigo!
ResponderExcluirAbraço,
CD