quinta-feira, 26 de março de 2009

DOIS POEMAS DE CAMILO PESSANHA (EM ORTOGRAFIA ANTIGA)

Eu vi a luz em um paiz perdido.
A minha alma é languida e inerme.
Oh! Quem pudesse deslisar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme...

* * *

Cristalisações salinas,
Myrrhae na areia o plasma vivaz,
Não se desenvolvam as ptomainas.
Que adocicado! Que obcessão de cheiro!
Putrescina — Flor de lilaz!
Cadaverina — Branca flor do espinheiro!

Só o meu craneo fique
Rolando insepulto no areal
Ao abandono e ao acaso do simoun...
Que o sol e o sal o purifique

(Do livro Clepsydra — Poemas de Camilo Pessanha. Campinas: Editora da Unicamp, 1994)

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