SOL
(poema automático)
Sol hipnótico! sagrada quase eterna
esfera! taça em chamas! balbuciar do dia!
Sol, solar teia de calor! seca taça
tropical! sede aracníde! Sol, nãoágua!
Sol miséria sol ira sol doença sol
morte sol podre sol relíquia!
Sol baixo e torto sobre o céu
africano, derramado quase vazio, ampola oca, osso do sol,pedra do
sol, sol de aço, relógio de sol.
Sol dinossauro do elétrico
movimento extinto e fossilizado, balbucie!
Sol, temporada das temporadas,
pegar o verdadeiro peixe solar, na verde costa tomando sol como loucura.
Sol eros infernal superreal
conglomeração de ira miasmática!
Sol, seres do pôr do sol chocados
na desértica vida, cai!
Sol circo! tenda de hélio, apolo,
rá, sol, sun, triunfem!
O sol como uma fumegante nave caiu
no lago Teliphicci.
O sol como um fumegante disco
gelatinoso escorreu pelos alpes Telephiccianos
O sol comanda a noite e segue a
noite e comanda a noite.
O sol pode ser conduzido por uma
carruagem.
O sol como um fumegante pirulito
pode ser chupado.
O sol tem a forma de um dedo curvo
que te chama.
O sol gira anda dança foge corre.
O sol favorece a cítrica palmeira
de tuberculosos pulmões
O sol engole o lago e alpes de
Teliphicci a cada ascensão.
O sol não sabe o que é gostar ou
não gostar
O sol toda minha vida caiu no lago
Teliphicci.
Ó buraco constante onde tudo pra lá
é verdadeiramente Bizantino!
MINHAS MÃOS SÃO UMA CIDADE
minhas mãos são uma cidade, uma
lira
e minha mão em chamas assovia
e minha mãe toca Corelli
enquanto minhas mãos queimam
EXTRAVAGÂNCIA ITALIANA
O filho de um mês da Sra. Lombardi
morreu
Eu vi na funerária do Rizzo
uma enrugada e roxa cabeça que não
cresceu
Acabaram de rezar uma grande missa
pra ele
Agora estão saindo
...uou, tão pequeno caixão
E dez cadillacs preto o carregando.
TENHO SAUDADES DE MEUS
QUERIDOS GATOS
Minhas mãos aquareláveis agora
estão sem gatos
Sentado aqui sozinho no breu
minha cabeça em forma de janela
está curvada com tristes cortinas
Estou sem gatos sem vida quase
atrás de mim meu último gato
enforcado na parede
morto por minha mão bêbada inchada
E em todas outras paredes do
sotão á adega
minha triste vida de gatos
enforcados
EU SOU 25
Com um amor uma loucura por Shelley
Chatterton
Rimbaud
e o latido de necessidade da minha
mocidade
passou de ouvido a ouvido:
EU ODEIO VELHOS POETAS!
Especialmente velhos poetas que se
retratam
que consultam outros velhos poetas
que contam sua juventude em
sussurros
dizendo: -- Eu fiz esses naquela
vez
mas isso foi naquela vez
foi naquela vez--
Ô eu iria, velhor que falar nunca
fez,
a eles dizer: --sou seu amigo
o que vocês eram, através de mim
serão mais uma vez--
E a noite na confiança de seu lar
suas desculposas línguas arrancar
e seus poemas roubar.
TRÊS
1
O cantor de rua está doente
agachado na fachada, segurando o
coração.
uma canção a menos na ruidosa
noite.
2
Fora do muro
o envelhecido jardineiro planta
suas tesouras
Um novo jovem
veio podar a cerca viva
3
A Morte chora porque a Morte é
humana
passa o dia todo no cinema quando
morre uma criança.
SUICÍDIO EM GREENWICH VILLAGE
Braços abertos
mãos pressionando pra fora da
janela
Ela olha pra baixo
Pensa em Bartok, Van Gogh
e nos desenhos do New Yorker
Ela cai
Tiram ela dali com um Daily News na
cara
E o lojista joga água quente na
calçada
HINO DO MAR
Minha mãe odeia meu mar
meu mar devo afirmar.
Eu a avisei contra isso
era o mínimo a ser dito.
Dois anos demorou
mas o mar a devorou.
Na beira do mar achei uma estranha
mas linda comida;
Perguntei ao mar se podia comer
e sim eu podia.
--Oh, mar, que peixe
macio e doce este é?--
--De tua mãe o pé--foi a resposta
Tradução: Matheus Carrera Massabki
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