domingo, 26 de julho de 2015

POEMAS DE GEORGE OPPEN



FIVE POEMS ABOUT POETRY / CINCO POEMAS SOBRE POESIA

1. 

THE GESTURE

The question is: how does one hold an apple 
Who likes apples
And how does one handle 
Filth? The question is
How does one hold something 
In the mind which he intends
To grasp and how does the salesman 
Hold a bauble he intends
To sell? The question is 
When will there not be a hundred
Poets who mistake that gesture 
For a style.


1.

O GESTO

A questão é: como alguém pega uma maçã 
Alguém que gosta de maçãs  
E como alguém manuseia 
Imundície? A questão é:
Como alguém pega algo 
Na mente que pretende
Segurar e como o vendedor 
Pega o troço que ele tenciona
Vender? A questão é 
Quando não mais haverá uma centena
De poetas que confundem esse gesto 
Com estilo.


2.

THAT LAND

Sing like a bird at the open 
Sky, but no bird 
Is a man-
Like the grip 
Of the Roman hand 
On his shoulder, the certainties
Of place 
And of time
Held him, I think 
With the pain and the casual horror 
Of the iron and may have left 
No hope of doubt
Whereas we have won doubt 
Form the iron itself
And hope in death. So that 
If a man lived forever he would outlive 
Hope. I imagine the open sky
Over Gethsemane, 
Surely it was this sky.



2.

AQUELA TERRA

Cante como ave no céu 
Aberto, mas nenhuma ave 
É homem-
Como a pressão 
Da romana mão 
No ombro dele, as certezas
De lugar 
E de tempo
Mantinham-no, acho 
Em dor, no temor fortuito 
Do ferro e pode não ter deixado 
Nenhuma esperança de dúvida
Ali onde conquistamos dúvida 
Do próprio ferro
E esperança, e morte. Assim que 
Se um homem vivesse para sempre sobreviveria 
À esperança. Imagino o céu aberto
Sobre Getsêmani, 
Por certo era este céu.


3.

THE LITLLE HOLE

The little hole in the eye 
Williams called it, the little hole
Has exposed us naked 
To the world
And will not close.
Blankly the world 
Looks in
And we compose 
Colors
And the sense
Of home 
And there are those
In it so violent 
And so alone
They cannot rest.


3.

A PEQUENA COVA

A pequena cova no olho 
Williams assim a chamou, a pequena cova
Nos expôs nus 
Ao mundo
E não se fechará.
Lacunarmente o mundo 
Observa
E compomos 
Cores
E um senso
De casa 
E nela há aqueles
Tão violentos e sozinhos
Que não podem descansar.


4.

PAROUSIA

Impossible to doubt the world: it can be seen 
And because it is irrevocable
It cannot be understood, and I believe that fact is lethal
And man may find his catastrophe, 
His Millennium of obsession.
                                              air moving. 

a stone on a stone 
something  balanced momentarily, in time might the lion
lie down in the forest, less fierce 
and solitary
than the world, the walls 
of whose future may stand forever.



4.

PAROUSIA  
Impossível duvidar do mundo: ele pode ser visto 
E porque é irrevogável
Não pode ser entendido, e creio que esse fato é letal
E o homem talvez possa achar sua catástrofe, 
Seu Milênio de obsessão. 
                                              ar movente,
a pedra na pedra, 
algo equilibrado momentaneamente, a tempo o leão
Pode espojar-se na floresta, menos feroz 
E sozinho
Que o mundo, os muros 
Cujos futuros podem firmar-se para sempre.



5.

FROM VIRGIL

I, says the buzzard, 
I-
Mind
Has evolved 
Too long
If 'life is a search 
For advantage.'
'At whose behest
does the mind think?' Art 
Also is not good
For us 
Unless like the fool
Persisting 
In his folly
It may rescue us 
As only the true
Might rescue us, gathered 
In the smallest corners
Of man's triumph. Parve puer. 'Begin,
O small boy, 
To be born;
On whom his parents have not smiled  
No good thinks worthy of his table, 
No goddess of her bed'


5.

De Virgílio


Eu, disse o bútio, 
Eu-
A mente
Se tem desdobrado 
Demais
Se  'vida é busca 
de vantagem.'
'Às expensas de quem 
A mente pensa?' Também
A arte não é boa 
Para a gente
Salvo se como o tolo 
Persistindo em sua insânia
Ela puder nos resgatar 
Como só a verdade
Pode, reunidos 
Na mais reles esquina
Do triunfo humano. Parve Puer... 'Começa
Ah petiz, 
A nascer,
E teus pais não te sorriram
Nenhuma coisa digna de tua mesa, 
Nenhuma deusa de teu leito.
 
*

Traduções: Ruy Vasconcelos.

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