11
Não sou Ninguém! Quem é você?
Ninguém – Também?
Então somos um par?
Não conte! Podem espalhar!
Que triste – ser – Alguém!
Que pública – a
Fama –
Dizer seu nome – como a Rã
–
Para as palmas da Lama!
13
Muita Loucura faz Sentido –
A um Olho esclarecido –
Muito Sentido – é só Loucura –
É a Maioria
Que decide, suprema –
Aceite – e você é são –
Objete – é perigoso –
E merece uma Algema –
16
Algumas Bortboletas há
Nos Campos do Brasil –
Voam ao meio-dia só –
Depois – cessa o Alvará –
Alguns Aromas – vêm e vão –
À tua Escolha, uma só vez –
Estrelas – que à
Noite entrevês –
Estranhas – de Manhã –
19
Banir a Mim – de Mim
–
Fosse eu Capaz –
Fortim inacessível
Ao Eu Audaz –
Mas se meu Eu – Me
assalta –
Como ter paz
Salvo se a Consciência
Submissa jaz?
E se ambos somos Rei
Que outro Fim
Salvo abdicar-
Me de Mim?
27
Mansão malsã de Quem?
Tabernáculo ou Tumba –
Domo de um Verme –
Grota de um Gnomo –
Ou Elfo em Catacumba?
37
A palavra morre
Quando ocorre.
Se dizia.
Eu digo que ela
Se revela
Nesse dia.
41
Ontem é História,
Mas está tão longe –
Ontem é Poesia –
É Filosofia –
Ontem é mistério
Mas onde está Hoje?
Mal especulamos
O tempo nos foge
Traduções:
Augusto de Campos
(Do livro Não sou ninguém -- poemas, organizado e traduzido por Augusto de Campos. Campinas: Editora da Unicamp, 2008).
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