terça-feira, 7 de julho de 2015

POEMAS DE EMILY DICKINSON

 

11

Não sou Ninguém! Quem é você?
Ninguém – Também?
Então somos um par?
Não conte! Podem espalhar!

Que triste  – ser  – Alguém!
Que pública  – a Fama  –
Dizer seu nome – como a Rã  –
Para as palmas da Lama!


13

Muita Loucura faz Sentido –
A um Olho esclarecido –
Muito Sentido – é só Loucura –
É a Maioria
Que decide, suprema –
Aceite – e você é são –
Objete – é perigoso –
E merece uma Algema –


16

Algumas Bortboletas há
Nos Campos do Brasil –
Voam ao meio-dia só –
Depois – cessa o Alvará –

Alguns Aromas – vêm e vão –
À tua Escolha, uma só vez –
Estrelas –  que à Noite entrevês –
Estranhas – de Manhã –


19

Banir a Mim –  de Mim –
Fosse eu Capaz –
Fortim inacessível
Ao Eu Audaz –

Mas se meu Eu –  Me assalta –
Como ter paz
Salvo se a Consciência
Submissa jaz?

E se ambos somos Rei
Que outro Fim
Salvo abdicar-
Me de Mim?


27

Mansão malsã de Quem?
Tabernáculo ou Tumba –
Domo de um Verme –
Grota de um Gnomo –
Ou Elfo em Catacumba?


37

A palavra morre
Quando ocorre.
Se dizia.
Eu digo que ela
Se revela
Nesse dia.

41

Ontem é História,
Mas está tão longe –
Ontem é Poesia –
É Filosofia –

Ontem é mistério
Mas onde está Hoje?
Mal especulamos
O tempo nos foge


Traduções: Augusto de Campos

(Do livro Não sou ninguém -- poemas, organizado e traduzido por Augusto de Campos. Campinas: Editora da Unicamp, 2008).  

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