Os olhos de mim
janelas de um mundo outro
vejo o dentro
espaço fecundo
pertencente ao interno
céu profundo
Lá fora dizem as luzes
de tudo o que não me importa
o sem-sentido
em que não me confundo
Falam os olhos de mim
de uma esfera de segundos
tornados milênios
perdidos num tempo
secreto, íntimo, profuso
Melhor assim
os olhos de mim
cegos ao escuro
* * *
DANÇA-pulso
fulgor
busca evanescente
em ritmo e cor
nos traz de longe
do deserto da fome
da morte ensinada
das portas da culpa
da ausência autoproclamada
dança
poema do corpo para a alma
Poemas de Rosane Carneiro, do livro Corpoestranho (Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2009.
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