quatro ou cinco toalhas,
foi pouco.
foi pouco.
como se tivessem escapado
as válvulas
de um exército inteiro de
panelas de pressão.
ouvia-se de longe o assovio —
a estranha
mediunidade dos lobos,
uivante.
hoje o gás se alastra no poema:
um continente inteiro
varrido pela sombra cogumélica
da nuvem.
oh, little boy, fat man,
ele viria faminto para casa.
mesa posta,
garfos, facas, guardanapos
que parecem gaze.
fedem a doenças extraconjugais.
o que nunca lhe disseram:
há um ideograma
para a tortura.
há uma oração bélica nas
vísceras
das máquinas de escrever.
(os órgãos de metal a se atirarem
como mísseis sobre
a folha.)
quantas beatas ainda rezam
novenas
dentro do forno?
quantas, será, ainda sussurram
pai-nosso,
"papai, papai, seu puto,"
com terços em torno da sua
cabeça?
cada palavra.
era só abrir a boca, todas as bocas.
deitar-se, no piso,
em meio a granadas, minas,
farelo de pão.
a vida, sylvia, foi pouco.
Marceli Andresa Becker é estudante de filosofia e professora. Publicou poemas nas revistas Zunái, Germina, Eutomia e Pausa e no portal Cronópios.
metralhadora, essa dona. puta poema bem construído.
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