domingo, 9 de agosto de 2015

SETE POEMAS DE DUDA MACHADO


AO ACORDAR

Ríamos em sonho.
E ríamos, celebrando
aquele encontro longe
da realidade.


JORNADA

Sarcasmos do sol,
a pausa e, depois,
o céu inflige
o seu recorde
de cicatrizes. 



NUVENS

Guarda cada vez mais
como nuvens propõem,
adensam, refinam,
repropõem, enquanto
se dissolvem.



NOTURNO COM ÁRVORE

uma noite sem cor,
sem cara, se arrasta
sob raízes, na terra;
até que a outra,
a copa, desça
afinal para encontrá-la.



CENTRO

a câmera se elevando mostra
riacho, copas, rochas,
morro, nuvens, horizonte,
circulando ao redor
de cavalos selvagens
em disparada pelo campo.


SIMETRIA

As ideias assombrando o que existe.
A recíproca vale. E se está quite.



SÓ IMAGEM

Um lugar
sem ninguém
sem ninguém
para vê-lo.
E um único modo
de alcançá-lo.



(Poemas publicados no livro Adivinhação da leveza. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2011.)

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