terça-feira, 18 de agosto de 2015

POEMAS DE HORÁCIO COSTA



 











 DO LIVRO DOS FRACTA


IV

QUETZALCÓATL


Neste 16 de Agosto os pardais derramam
plumas sobre lagartixas. Em meu jardim
anuncia o deus o seu regresso.



XVI

LA STORIA


Um alvéolo sonha a árvore;
o ponto-que-desliza, o aleph.
A identidade é imitação.



XX

THE PLUMED SERPENT


Plumas sobre lagartixas, you’ve said? descem elipses, caminham helicoidais?se fundem no espaçotempo entre azáleas, bananeiras? No jardim, Tabu vira delicioso Totem. Na Coisa, Frisson Nouveau petrifica o observador e observado.


XXXIII

TEBAIDA


paredes em branco, jejum às sextas, Auto-Transportes Silêncio LTDA., carvão de néon, baobás-bonsai, MILS-Minist. da Implant. de Lantej. Subcutân., dunasinvadem o meio da paisagem sobre lagoas forradas de caramujos, luz azul

XXXIV

LOS BIGOTES DE MALLARMÉ

ônix de Tiffany’s, timbre mudo, pesado veludo sobre a representação, fios de prata nas fraldas do rideau, voz de fundo, entr’acte,desce a cortina sobre os lábios, sinais dançantes no panejamento, OM.



XLVII

PONTO EUXINO

negra mina, uma segunda pele veste-me a tua presença, ao bisonte íbis jaguarque sós ocupavam a tela dos sonhos a procissão me leva a teu negrumr,move-se tão lentamente como deito-me no divã, mar negro, mar eterno, vem


(COSTA, Horácio. O livro dos fracta. São Paulo: Iluminuras, 1990) 

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