ESPETÁCULO
de cima a baixo um bisturi de aço uma perna um braço e o vestígio de um traço incisão alcalina na corrente sanguínea e a escansão de uma rima na pele da cobra um olho de vidro bicos e garras o verso sem dobra reverso da obra que recusa a cesura e a abertura de palha como um talho ao sol escultura da morte no corpo sem corte troféu espúrio que o artista conserva em mercúrio ou formol por trás da vitrine ornada em nanquim uma parte obscena sem arte ou poema porém manequim lá dentro a vida espessa e exposta tão longe da vista no gabinete do taxidermista.
de cima a baixo um bisturi de aço uma perna um braço e o vestígio de um traço incisão alcalina na corrente sanguínea e a escansão de uma rima na pele da cobra um olho de vidro bicos e garras o verso sem dobra reverso da obra que recusa a cesura e a abertura de palha como um talho ao sol escultura da morte no corpo sem corte troféu espúrio que o artista conserva em mercúrio ou formol por trás da vitrine ornada em nanquim uma parte obscena sem arte ou poema porém manequim lá dentro a vida espessa e exposta tão longe da vista no gabinete do taxidermista.
(Poema extraído da antologia Poetas de Hoje em dia(nte). Florianópolis: Letras contemporâneas – Oficina Editorial Ltda., 2009).
Em tempo: essa antologia foi organizada por Priscila Lopes e Aline Gallina. Há algumas boas surpresas aqui, como os poemas da Izabela, do Victor, da Érica Zíngano, do Marcelo Montenegro, do Marcelo Sahea, mas, como em toda antologia, há presenças e lacunas. Vale a iniciativa de registrar uma parcela da produção dos mais novos.
ResponderExcluirUm poema de Izabela, poeta muito especial.
ResponderExcluirBeijo.