domingo, 5 de julho de 2009

UM POEMA DE FABÍOLA RAMON

CORPULAÇÃO (ESCRITURA DA CARNE)

Dentro de mim,
um, meio, desassossego sugado na areia que move e leva e traz.

Uivos-rouge abafados na carne

Penso alto, falo baixo.
Captadas as palavras perdidas na lixeira dos PCs; formam jogos, viram ouro.

Suspende corpo crepito; passos certos de uma dança sem intenção.
Esfrega dorso em seu oposto
Pêlo eriçado pelo desconhecido.

Se hospeda na invasão.
Deixa-se ir inteira, para além do pêlo, para além da carne.
Finca no azeite do bicho.

Jogo de palavras; lanço uma, duas, três..... Formam frases inteiras, mas nada muda quando faladas. Escritas, portam-se com outra intenção (Atention!).

Metamorfoseiam-se de escamas reflexas.
Cooptados, viram presas da imensidade.
(mais que frêmito)

única união ultrapassa cadacorpo (à corps perdu), cada qual, soprando o instinto natural de cada coisa: razão da ex-sistência?

Levanto-me para ver o que não escrevo.
- O que não vejo?
Atrás do vão, trincas de destino numa vastidão,
Rabiscos tatuados para fazer tua noite.

(já não mais bichos; balbuciam palavras)

Agora, mais que o nada: um sopro.


(Leiam mais poemas da Fabíola na edição de agosto da Zunái.)

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